quarta-feira, 23 de julho de 2008

We Will Rock You

Hipnotizada. É assim que hoje defino o que aconteceu comigo quando vi Freddie Mercury pela primeira vez na televisão, em janeiro de 85, na primeira edição do Rock in Rio. Da mesma forma pareciam estar os cerca de 300 mil fãs que o acompanhavam ao som de “Love of My Life”. Da mesma forma parecia estar o próprio Freddie, se portando como maestro diante daquela mistura de vozes ao seu redor – “Beautiful, beautiful”- repetia.

Eu tinha dez anos e minha cabeça era um pouco atrapalhada. Eu não perdia um Balão Mágico matinal, assim como torcia para que Lobão, Titãs, Kid Abelha, Lulu Santos e afins fossem ao Chacrinha no sábado. Imitava Madonna e Gretchen. Dizia que ia casar com Sidney Magal. Tinha todos os LPs de Simony e sua trupe, mas também sabia cantar a maioria das letras dos meus ídolos adultos de cor. Mesmo embolando um pouquinho o meio de campo, lá estava eu, sempre acompanhando os “malucos”, segundo Mainha e Tia Didi.

Em meio a esse cenário me aparece o Queen e ele, Freddie Mercury. Ou vice-versa. Eu não sabia uma palavra em inglês, não entendia absolutamente nada do que ele cantava, mas eu gostava assim mesmo. Intui que Freddie era polêmico e acho que foi aí que ele me conquistou de vez. Li que ele tinha se recusado a passar pelo corredor de acesso aos camarins do grande evento porque estrelas nacionais se amontoavam em seu caminho para vê-lo. Vi a entrevista que deu à Glória Maria e achei graça. Soube também que ele perguntou se no Brasil tinha furacão e, diante da resposta negativa, colocou o seu camarim de pernas pro ar, com direito até a mamão papaya no teto. 

Mas ele podia. Ele era Freddie. Ele usava bigode. Ele podia. Ele é o eterno Freddie Mercury, que fez a trilha sonora de muitos momentos de minha vida.

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