terça-feira, 30 de março de 2010

Forever Young

Cada dia que passa a natureza faz questão de me lembrar que já não tenho mais 25 anos. É triste, muito triste. Sou uma gatinha de 35 com a mentalidade de senhora de 21.

Por exemplo, custei a entender que meu corpo não suporta mais usar salto alto dois dias seguidos. Joanete pinica até arrancar lágrimas dos olhos e na insistência, trava tudo: o pé não consegue dar uma passada sequer. 

Entram em cena as amigas sapatilhas. O meu atual arsenal é eclético e tem até uma para eventos mais chiques. Já não tiro mais sarro da cara de Mainha que tem um check-list do que um calçado deve ter para a compra não ser em vão. 

Perder noite durante a semana? Nem em sonho. Primeiro que fico logo com sono e com frio, não enxergo mais nada ao meu redor que não seja minha cama. Segundo que a época da caça se foi e com ela 90% dos motivos para virar a noite na rua. E pensar que na época da Band ia pra farras homéricas e ainda ia trabalhar no dia seguinte, linda e loira e usando salto. Mais de uma vez voltei de alguma festa, tomei banho e voltei no mesmo pé, sem nem mesmo dormir. Diziam que eu era ligada no 220. Eu retrucava que 220 era muito pouco para mim. Ui. 

Bebidinha também está fora do meu cardápio. Se bebo uma lata de cerveja já fico mole e a enxaqueca bate o ponto dela. A última vez que bebi fiquei dois dias de ressaca, sem sair da cama. Deprimente. E ainda tive que ouvir a galera tirando sarro e dizendo que era pra eu lembrar que cachaça não era mais água. Tá bom, tá anotado. 

Em relação a roupas também ando com certo receio de parecer uma tiazinha desassuntada e inconformada com o RG: estou deixando de lado certos modelos e cores, já que a linha que separa o ridículo da descontração é bem tênue. Prefiro não arriscar. 

E, pra fechar com chave de ouro, uma pessoa que não me via desde velhos carnavais disse que era pra eu me apressar se quisesse ter filhos, já que não tinha mais idade para esperar. É...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Erre não, bonita

Sou da linha que acredita que é cafona ser escravo da moda. Gosto de coisas harmônicas, cleans e atemporais, que além de serem mais bonitas não se corre o risco de derrapar feio no visual. Me interesso pelas novidades das estações para ver qual é a onda e depois faço as minhas adaptações pessoais.

Esmalte, por exemplo. Me rendi aos encantos do vermelho tomate outro dia - experimentei com a condição de que se me sentisse ridícula, tiraria imediatamente. Mas tenho observado que muita gente que aderiu a essa tendência, não está à vontade. Dá pra perceber até pela atitude que usou só porque está na moda. Feio, muito feio.

E roupa? Alguém pode me dizer quem mais além de Sabrina Sato pode usar essas calças com o fundo enooooorme sem fazer feio?

Tem mais:

Não é bem mais elegante vestir uma calça jeans para trabalhar do que meter um terninho que, além de estar gritando que é 300% poliéster, é dois números abaixo do seu? Tem dó, né? Custa assumir que não usa mais 38 desde que tinha 15 anos?

Sapato branco, bolsa branca, óculos brancos e cinto (hã?) branco? Please, não. Senta e deixa a vontade passar.

Se não sabe andar de salto alto, esquece. Vai de sapatilha, é melhor pra todo mundo.

Você tem uma veia fashionista e se acha super original nas misturas que faz? Se você não se chama Adriane Galisteu, não nasceu em Nova Iorque ou não trabalha na Globo, desista. É feio e você ainda vira piada por onde passa.

Acha lindas as bolsas das marcas mundialmente famosas e desfila por aí com a sua Louis Vuitton falsa? Com o mesmo valor você compra uma boa bolsa de couro com vida útil infinita, bem mais bonita e discreta.

E outra: se não tem dinheiro pra roupa boa, pelo menos disfarça a origem das suas compras. Mistura coisas do Brás ou da Zépa com alguma coisa porradona, pra deixar a galera na dúvida.

Copiou?

sexta-feira, 19 de março de 2010

Cansaço

Senhor, dai-me paciência.

Avisa pro povo que pega metrô que não se deve ficar parado na porta atrapalhando quem quer entrar ou sair.

Avisa para os que conseguem entrar que é falta de educação fazer certas coisas em ambientes fechados, lotados e abafados.

Avisa também que pedir para segurar a mochila ou pasta de alguém, não tira pedaço.

Mostra praquela peruinha que ninguém é obrigado a ouvir sua conversa pelo celular e muito menos saber que ela precisa trocar o DIU semana que vem.

Fala praquele espertão engravatado que segurar a porta, além de perigoso, atrasa a vida de todo o sistema, conforme apelos insistentes do pobre maquinista.

Não esqueça também de dizer praquela senhorinha fofa que foi na 25 bater perna que o lugar destinado a ela, por lei, é o de cor azul e se estou no marrom, fico isenta dos seus olhares indignados e indiretas infames.

Diz praquela japa de um metro e quarenta e um que se nem ela tem culpa por não poder se segurar direito por não alcançar o ferro do teto, quem dirá eu – pede pra ela parar de me cotovelar a cada freada do trem.

Diz praquela caloura em enfermagem que o lado esquerdo das escadas rolantes são para as pessoas com pressa e não para ela ficar mais à vontade enquanto ouve música no seu Ipod.

E, muito importante isso, dá um puxão de orelha no casalzinho que não se decide se é pra agora ou se embrulha pra viagem.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Malandragem, dá um tempo

Um amigo do meu pai disse que quando ganhasse na Mega Sena teria o prazer de pegar um transatlântico super luxuoso, encher de muita comida e bebida de primeira, convidar todos os pobres que conhecia, soltar em alto mar e detonar uma bomba.

Eu já tive vontade de fazer a mesma coisa, só que com detalhes um pouco diferentes: no lugar do navio eu escolheria um trem desgovernado e no lugar de pobre eu colocaria gente folgada. Faria uma limpeza ao meu redor de gente que tem a incrível capacidade de ficar fiado no outro, seja pra morar, pra comer ou, em casos de extrema cara-de-pau, para fazer farra.

Olha, eu gosto muito de coisa boa. Muito mesmo. Já tive grana nessa vida e soube aproveitar cada centavo comendo, vestindo e morando bem. Mas fali e soube me adaptar rapidinho à nova situação. O gosto por coisas de primeira existe, mas a vontade de juntar dinheiro também. E se quero voltar a ter muito conforto, tenho que sacrificar alguns pequenos prazeres no momento.

E não é que 95% da humanidade parece pensar diferente? Tipo “já tive grana uma vez e ninguém apaga isso de mim” e continua na esbórnia, bem no estilo "viver de aparências", comendo ovo e arrotando caviar. 

Seja feliz, meu caro. Mas não mexe no meu bolso não que eu viro fera. Mexe não.

terça-feira, 16 de março de 2010

Gossip

Acho que tenho cara de séria ou de quem leva um segredo pro túmulo. Vira e mexe acho um que começa a abrir a vida para mim e eu me estresso, já que cria-se um pacto, um vínculo natural e eterno vem na cola e ser cúmplice também dá cadeia. 

O pior é ter que manter a linha de pessoa confiável, até as palavras devem ser medidas. Um saco.

Traições, armações, angústias, tudo cai nos meus ouvidos sem eu fazer força. O que leva uma pessoa a confiar em outra assim? Tipo, tem coisas que sequer psicólogo meu soube, a vida não tem graça sem reservas. Mas já ouvi de uma louca varrida que eu era a única pessoa que sabia de absolutamente tudo da sua vida – e eu não duvido. E nem é amiga minha, apenas conhecida.

Tudo bem que às vezes a gente está tão mal que um ouvido é o melhor remédio para amenizar o problema. Mas segredo de dois não é segredo e se me desse a louca e resolvesse abrir o bico, lares seriam desmoronados, conceitos ficariam arranhados, estruturas ficariam abaladas. Lógico que correria o risco de amanhecer com a boca cheia de formiga em alguma calçada da vida, mas o estrago também já tinha sido feito. 

De onde vem a coragem dessa gente?

Ressaca

Minha vida sempre foi mudando de profissão. Já fui um bocado de coisa: de professora substituta em escola pública a vendedora de joalheria, passando por secretária executiva e corretora de imóveis. Sem esquecer que me formei em relações públicas. Tudo a ver.

No fundo eu queria mesmo era ser jornalista. Primeiro, por gostar da coisa; segundo, por ter aversão à rotina. Minha mãe sonhava em ter filha médica e eu até prestei vestibular para medicina. Vá saber se o destino não estava pregando uma peça em mim? Mas passei para relações públicas, não rolou jornalismo, que na minha época só tinha na Federal, concorrência elevada ao quadrado. Achei que fazendo comunicação social daria tudo na mesma e com jeitinho eu ia acabar caindo em alguma redação de jornal. Ledo engano.

Os estágios que fiz foram dignos de vergonha: não acrescentavam academicamente em nada, só serviram pela grana, muito bem vinda quando se estuda numa das faculdades mais caras da cidade. Além do que tinha o ticket, devidamente vendido a 15% para ajudar no transporte e no lanche. Era isso: muito estudo e um trabalho fantasiado de estágio.

Quando me formei, fiquei um bom tempo desempregada e desanimada. Não foram poucas as vezes que me arrependi amargamente por não ter escolhido outra profissão. Quem tinha se formado em pedagogia ou letras já estava se matando em alguma escola da esquina. E eu, escolhendo a dedo os anúncios do domingo da A Tarde para mandar currículo. Sinceramente acreditava que havia um lugar ao sol para mim.

O tempo foi passando e a coisa foi ficando mais feia. Consegui trabalho num órgão do governo como prestadora de serviço que só me serviu para ganhar quinhentos conto por mês e tomar ódio pelo serviço público. A vontade de meter o diploma no lixo era diária, mas a esperança de ter valido a pena quatro anos de faculdade era maior e eu fui deixando as coisas andarem.

Muita água rolou até hoje. Nunca fiz o que gostaria realmente e, para não morrer de fome e ter alguma decência na vida, acabei mudando completamente de profissão pela enésima vez. Nada a ver com jornalismo. Não sei até quando isso vai durar. Ou se algum dia eu simplesmente vou me cansar disso tudo e quietar o facho. Talvez esse seja o sentido da vida, da minha vida.

E nem precisa mais ter diploma para ser jornalista. Ainda bem que existe blog.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Ultimamente, vivo batendo em algumas teclas repetidas. Não por estar caducando e sim por ter encontrado aqui um meio de socar os docinhos de coco que me sacanearam ao longo da vida. É mais útil que ficar remoendo, o rancor até diminui de tamanho. E imagino que o risco de desenvolver alguma célula cancerígena cai pela metade.

Se tem uma raça que abomino é gente que se mostra muito prestativa e, mesmo te conhecendo há cinco minutos, já carrega água em cesto pra você. Desde que o mundo é mundo, sabemos que aí tem. O que diferencia é quanto tempo você vai precisar para descobrir as reais intenções da alma santa. Nesse intervalo, muita coisa pode rolar.

Nem sei o que é pior: se é fase da dúvida, quando a pessoa começa a derrapar no comportamento e planta uma pulga deste tamanho atrás da minha orelha ou se quando a máscara efetivamente cai. Como ainda sou uma pessoa que acredita no ser humano, passo a recapitular toda a minha convivência com a criatura em questão pra ver se não sou eu a maluca da história.

É muito triste constatar que sim, existe gente de todo tipo no mundo e elas estão ali, bem pertinho, com carinha de anjo, prontas para darem o bote, para pegarem no seu ponto fraco, para muitas vezes fazerem com você o que fizeram com ela, política do "passe adiante". 

Para estas pessoas, apresento o meu mais novo sistema farejador de falsidade. Está funcionando a todo vapor.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Evolução

Na época do ginásio, minha sala era dividida entre os cdfs, os antenados e a galera do fundão, que não necessariamente era a galera do mal. Um exemplo disso era eu, que sentava na última cadeira da fila, não por ser uma piveta vagaba, mas porque era o lugar mais confortável para a convivência pacífica com a minha então desconhecida síndrome do pânico.

Os cdfs, que eram três ou quatro, faziam jus ao título e pouco se importavam com o resto do mundo. Um dos integrantes até se assustou quando eu pedi o seu livro emprestado para fazer umas anotações. Juro que pensei que ia me deixar falando sozinha. Tinha uma que usava uns penteados meio esquisitos, umas tranças caídas pelos ombros, algo tipo Chispita forever.

Já a turminha antenada discutia filosoficamente, o vocabulário era diferenciado, as apresentações de trabalho eram repletas de analogias, viviam trocando dicas de Best Sellers entre eles. Também um círculo ultra fechado, até as roupas que usavam eram mais legais. Tiravam notas boas, discutiam em pé de igualdade com os professores, o gosto musical era refinado para a idade, enfim, eram respeitados e invejados por todos.

Pois bem, tirei um dia desses para dar uma fuçada no perfil dessas pessoas no Orkut. Fiquei pasma com o que vi e sem entender onde aqueles projetos de adultos brilhantes se esconderam. Muitos deles sequer fizeram faculdade, todos cometem erros grotescos de ortografia, postam fotos com poses idiotas e legendas idem. O que deu nesse povo, meu Deus?