segunda-feira, 10 de maio de 2010

Coisamarlinda





























sexta-feira, 7 de maio de 2010

Príncipe encantado

Sinceramente, nem acredito que sobrevivi de 2004 a 2009, ou melhor, que consegui manter um pouco de sanidade na cachola. 

Quando olho pra trás e vejo o que era a minha vida, dá vontade de chorar. O pior é que eu achava que estava dando tudo de mim pra sair daquele inferno, mas hoje vejo que eu estava mesmo era confusa e não forte. Também estava triste, frustrada, desanimada, cansada. 

Foi um período em que ouvi que era burra, pretensiosa, mimada, escandalosa. Também ouvi que era feia, louca, desatenta, egoísta. Comecei a acreditar nisso tudo e me fechei num mundo meu e esquisito, onde nem espelho em minha casa tinha, onde vestia a primeira coisa que me viesse à mão, onde a vaidade morreu.

Uma vez, uma pessoa me perguntou quantas calças beges eu tinha e ficou muito sem graça quando eu disse que somente aquela, que vestia praticamente dia sim/dia não, revezando apenas com outra preta, essa sim, bem mais rodada até. 

Sapato, minha grande paixão, só usava dois. Os outros ficavam lá no fundo do armário, escondidos, esperando uma ocasião especial para usar. O detalhe é que essa ocasião nunca vinha e o mofo tomou conta de tudo. Perdi uns dois ou três pares pra fúria verde que se abateu sobre eles.

Mas passou. Se eu disser que o mérito é todo meu, mentira. Não é não. Meu love me acordou desse pesadelo, que parecia não ter mais fim. Me alertou que eu estava vivendo uma vida que não era minha, gostando de coisas que não tinham a ver comigo, esquecendo das que me faziam bem. Me encheu o saco até concluir que eu tinha entendido o recado.

Me mostra todo dia o que sente por mim, através da alegria estampada no seu rosto, quando chego em casa contando alguma das minhas travessuras ou quando me pega fazendo conta pra saber quanto vou poder gastar no Brás. Se diverte com os meus exageros, adora as minhas dietas loucas, estimula minhas fixações por sapato/bolsa/maquiagem/lingerie, tira sarro das músicas do meu IPod. Sabe que quando estou meio quieta é hora da fazer um balde de pipoca e que quando estou estressada, cai bem o bom e velho chocolate.

Entende muito bem quando o dia é de faxina braba e sai de baixo pra não sobrar uma vassoura em sua mão. Sabe que aos sábados, domingos e segundas, é ele quem lava os pratos, pois a unhas ainda estão glamurosas. E que precisa esperar pelo menos uns quinze minutos para irmos ao mercado, porque sim, mesmo sendo ali, não vou de chinelo e de moletom.

É, ômi. Sei mais viver sem você não.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Prefiro chocolate

Rivotril fez um estrago danado em minha memória. Chegou uma hora que eu pensei que estava emburrecendo, ficando abestalhada ou biruta, mas era o maldito querendo me dominar. Eu até que lembrava de coisas que tinha aprendido no passado, mas bloqueei completamente coisas novas.

O mais chato é ver que ele nem teve em mim esses efeitos maravilhosos que pregam por aí. No máximo fiquei mais corajosa e nunca ficava de ressaca, por mais que ultrapassasse as duas taças de vinho toleráveis. E só. O meu nível de otimismo não foi alterado em nada, a minha autoestima despencou, a ansiedade não aumentou nem diminuiu.

O duro mesmo foi tirar o maldito. Aí que eu vi o quanto é triste tentar resolver problema com remedinho. Paliativo é só uma forma de adiar problema, não tem jeito. Passei uma semana inteira pensando que ia enlouquecer de dor de cabeça, perdi o apetite e o sono. Virei um zumbi desnorteado, imagino o que sente a galera que pega pesado na cocaína.

Lá se vão nove meses sem tarja preta na vida e a minha maior vitória é ver que eu voltei. A autêntica Cynthia está de volta, renasceu, se livrou. Adeus, Rivotril. Até nunca mais.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

And you?


Aprendiz

Sim, já fui uma pessoa bem mais bobinha. Acreditava em tudo e em todos. Custava até entender que tinha levado uma rasteira ou que estava entrando numa fria. 

Sofria que dava dó quando a ficha caía. A malícia nunca foi o meu forte, nunca mesmo. Era a última a parar de falar com a falsa fofoqueira da sala na época da escola e também a última a entender que alguma sirigaita estava dando em cima de namorado meu.

Acho que isso se deve a uma imagem que eu teimava em sustentar, de menina boazinha, agradável, rodeada de amigos. Essa imagem veio lá da minha infância, nos causos de família, quando diziam que criança igual a mim não existia. Eu não chorava sem motivo, ia pra qualquer lugar sem reclamar, não pedia água, nem colo, nem lanche. Enfim, uma bonequinha.

O meu primeiro “não” veio bem tarde e foi muito difícil dele sair. Fiquei um tempão relembrando o motivo de eu ter que dizê-lo, com medo de ter sido injusta. Aconteceu o mesmo com os dez “nãos” seguintes, mas depois eu peguei a manha e primeiro eu nego pra depois aceitar alguma coisa. 

Primeiro a pessoa é má, pra depois eu concluir o contrário. Primeiro eu antipatizo pra depois virar amiga do peito.

O bom disso tudo é que minha vida mudou pra melhor depois que aprendi a ser um pouco miseravona.