segunda-feira, 3 de maio de 2010

Aprendiz

Sim, já fui uma pessoa bem mais bobinha. Acreditava em tudo e em todos. Custava até entender que tinha levado uma rasteira ou que estava entrando numa fria. 

Sofria que dava dó quando a ficha caía. A malícia nunca foi o meu forte, nunca mesmo. Era a última a parar de falar com a falsa fofoqueira da sala na época da escola e também a última a entender que alguma sirigaita estava dando em cima de namorado meu.

Acho que isso se deve a uma imagem que eu teimava em sustentar, de menina boazinha, agradável, rodeada de amigos. Essa imagem veio lá da minha infância, nos causos de família, quando diziam que criança igual a mim não existia. Eu não chorava sem motivo, ia pra qualquer lugar sem reclamar, não pedia água, nem colo, nem lanche. Enfim, uma bonequinha.

O meu primeiro “não” veio bem tarde e foi muito difícil dele sair. Fiquei um tempão relembrando o motivo de eu ter que dizê-lo, com medo de ter sido injusta. Aconteceu o mesmo com os dez “nãos” seguintes, mas depois eu peguei a manha e primeiro eu nego pra depois aceitar alguma coisa. 

Primeiro a pessoa é má, pra depois eu concluir o contrário. Primeiro eu antipatizo pra depois virar amiga do peito.

O bom disso tudo é que minha vida mudou pra melhor depois que aprendi a ser um pouco miseravona.

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