terça-feira, 26 de outubro de 2010

Arroba ponto com

Tudo começou com uma brincadeira minha abrindo uma conta do Gmail para Painho. Eu não imaginava que ele tivesse levando tão a sério o que acabava de aprender. 

Mais na brincadeira ainda, dei a ele de presente de aniversário um pendrive - aí sim o bichinho pirou na batatinha. Queria levar o brinquedinho para tudo que era lugar. Voltou pra Salvador e, não satisfeito com toda novidade que tinha aprendido, comprou um notebook e passou a mandar e-mail pra todo mundo, deixando de lado o até então inseparável celular. 

Gtalk então virou obrigação diária para ele. Achei muito bonitinho dar essa evoluída repentina aos 60. Está todo ansioso para aprender todos os mistérios do mundo cibernético, se mostrando até um excelente usuário. 

Quem entrou ontem na mesma onda foi Mainha. Ninguém segura mais esses dois.

Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma

É, o metrô continua sendo a minha fonte principal de inspiração. Vejo de tudo, até porque vou quase de uma ponta a outra da linha azul todo santo dia. 

As figuras que mais gosto são os dorminhocos: metem o MP alguma coisa no ouvido, encostam na janela e babau. Só acordam na estação que vão descer. 

Tem outra galera que eu mais invejo do que gosto: os que conseguem ler sem ficar tonto. Alguns até fazem isso de pé, maior prova de equilíbrio que já vi na vida. A única ressalva é que não tem muita noção de espaço e quase sempre metem o livrão na cachola de quem está por perto. 

O que dizer então de quem entra com duas crianças pequenas, acha almas caridosas que saem dos respectivos lugares para que a pobre mãe se acomode melhor e a imbecil coloca os filhotes sentados, um em cada lugar, como se estivesse fazendo a coisa mais sensata do mundo? Semana passada eu morri de rir com uma fulana da ala das mulheres-que-acordam-atrasadas-e-deixam-pra-se-maquiar-no-vagão: a demente sacou o rímel, bem na hora que o metrô pegou aquele embalo de 300km por hora e, claro, ficou com a cara toda borrada de preto. Será que aprendeu?

Imagina?

Comecei a entender o que é amor de mãe depois que minha sobrinha nasceu. Eu não quero que nenhum mal chegue até ela, fico aflita quando ela chora sem motivo aparente e me derreto toda quando ela me abre o maior sorrisão. Imagina se fosse minha filha?

A bichinha ontem passou por um perrengue danado, deu o maior susto em todo mundo, até agora não conseguimos esquecer. A minha vontade era que tudo o que ela estava sentindo passasse pra mim para que pudesse dormir em paz e sem dor.

Já até censurei minha mãe pelos absurdos que fazia com a gente quando criança: ficava horas e horas acordada vendo as filhotas dormirem – achava que se virasse as costas íamos ter algum ataque- fora ter deixado de trabalhar, não me deixar ir pra lugar nenhum se não fosse com ela, blábláblá.

Eu faria tudo cem vezes mais, sem sombra de dúvida.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Como pode?

Daí que estou ficando uma mocinha e consegui fazer a bendita ressonância na sexta passada. Agora, de uma vez por todas, vou saber se os meus chiliques são neurônios brigando ou parafuso solto mesmo. 

Enfim, um alívio depois de conjecturar semanas e semanas sobre como eu me portaria diante desse maldito exame. Eu já dava sinais de que queria ir além do que sempre considerei como meus limites: andar de avião só, morar só, andar em duas montanhas-russas no mesmo dia, tomar um porre daqueles e não lembrar de nada no dia seguinte, aprender a nadar, etc., etc. e tal. Mas esse lance da ressonância me deixou boquiaberta, orgulhosa da minha humilde existência nesse planeta. 

E olha que nem segui orientação médica de me entupir de calmamente antes de ir pra clínica. Só falta agora pular de paraquedas e mergulhar com tubarões.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Búúúú

Daí que tenho um colega que insiste em dizer que os aparentes problemas de saúde que ando tendo ultimamente são meramente espirituais. Eu estaria captando toda sorte de energia, sem controle para filtrar o que é bom do que não é, segundo ele. Outro dia anotou o meu nome completo, ia fazer não sei o quê por mim no centro em que dá palestra toda quinta-feira. 

Quer saber? Já tive muito medo de coisas sobrenaturais, de fantasmas, espíritos e afins. Hoje em dia, diante de tanta dor, seja na coluna, na cabeça ou no estômago e das minhas crises de despersonalização diárias, vou começar a apelar pra essas coisas paralelas pra ver no que vai dar. Até porque há um mês eu cismei que tinha visto um vulto roxo perto de Marquinho e dei aquele berro assustando metade do quarteirão. Não considerando que eu estava cochilando na minha cama, o quarto estava escuro, tinha uma toalha de banho roxa pendurada na porta e Marquinho entrou devagarzinho para não me acordar. 

Seja lá o que esteja acontecendo comigo, não está certo, não me faz bem, não consigo resolver com um Dorflex qualquer. Esse meu colega ainda não me abriu o jogo, mas vive me encarando de um jeito meio diferente, como se talvez estivesse vendo alguma errada que eu não esteja percebendo. 

Como diz minha mãe, se existem pessoas com aptidão para medicina e engenharia, por que não haveria gente com o dom de conversar com quem está do outro lado? Vai saber.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

I'll Be Watching You

E o Google Street, hein? Pra mim, que estou procurando imóvel, é uma mão na roda: além de ver o estado do dito cujo, ainda dou uma geral na região. Fantástico. 


Daí que começaram a surgir as histórias de invasão de privacidade: mulher que descobriu que o marido frequentava sauna gay porque flagrou carro dele entrando em uma pelo site, imagens que foram feitas após acidentes de trânsito ou crimes, um festival de bizarrice que o povo não só inventa como aumenta.

Pena que Salvador não tem ainda. Ótima pedida para dar uma fuçada básica naqueles lugares que só a gente conhece.

Modernidades

Outro dia um amigo meu disse que achava que não existiam mais cédulas de dinheiro rabiscadas porque as pessoas migraram seus protestos para os comentários de notícias na internet. Até as portas de banheiros públicos estão espantosamente sendo poupadas, segundo ele.

A desvantagem é que o espaço usado no dinheiro era bem menor que a dos sites, o que deixava um gostinho de "ah, acabou e ele não conseguiu dizer tudo" no ar. O que dizer então do charme das letras inteligíveis? E das declarações de amor a algum cobrador lá de Jebejebe de Dentro? E dos bigodinhos, chifrinhos e afins que não só revelavam gênios das criatividade como também exímios desenhistas?

Era bem mais legal, sem dúvida.

Alguma coisa está fora de ordem

E não é que tive um surto intelectual e comecei a acompanhar “A Fazenda 3”? Me vi torcendo por Sérgio Malandro, dando risada com Nanny People e votando para que Monique Evans fosse a eliminada da semana. Comecei a ver Geisy Arruda com outros olhos e a achar que Carlos Carrasco é o gay tiozinho mais fofo de todos os tempos. Preocupante.

A notícia boa é que deixei isso de lado e agora estou acompanhado “A Gata Comeu” pelo You Tube. Já estou no capítulo 15.

Older

Maior tristeza quando a gente pega o livrinho da Avon e vai direto na página do Renew. Além do bicho custar os zóio da cara, o meu não é mais 25+. A vendedora não sabia o que dizer quando eu perguntei se o meu era até 35 ou 35+. Tadinha, nada a ver com as minhas crises existenciais e ainda levou uma fuzilada de olhar. 

E dietas? Antigamente eu perdia um quilo assim, sem mais nem menos. Bastava não almoçar um dia e o ponteiro da balança despencava imediatamente. Eu até espalhava que as vezes que fiquei acima do peso foram por pura sem-vergonhice. Hoje é assim: eu paro de comer doce, como um monte de folha no almoço, me entupo de barrinha de cereal light e o que ocorre? Apenas não engordo, mas perder que é bom, necas.

Daí que vou pra Salvador no final do ano e não quero fazer feio. Afinal, inverno em São Paulo é um convite à obesidade e minha barriga deu uma pulada depois que me vi sem os casacos pesados que usei durante mais de três meses de frio. Cadê que madama emagreceu cinco gramas depois de uma semana só na água e no ar?

Assim sendo, diante da urgência em ficar com cara de coroa magrelinha, me rendi aos encantos da ração humana, com um certo atraso em relação à onda que se alastrou no início do ano. E não é que a danada parece que funciona? Se misturar com iogurte de ameixa, mata vários coelhos de vez.

Pra variar, já virei piada no trabalho: disseram que agora, além de latir, eu vou morder.
Pit-bull na área, galera.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Malditas fibras

Apuro é estar em cliente dando treinamento para a diretoria e, bem na pausa para o café, dar aquela dor de barriga dos infernos e te obrigar a ficar mais de quinze minutos no banheiro. E o seu celular se estatelando de tocar no outro lado da sala e geral perguntando onde você está. E voltar como se nada tivesse acontecido.

Cabeça virada

Duas horas de viagem até o cliente, que fica na Lapa, pertíssimo da 12 de Outubro, perdição das compras número 3 no meu ranking paulistano. Estava com um texto prontinho na cabeça, era só sentar e mandar bala. Só que entrei numas dez lojas até chegar aqui e o bendito ficou pelo meio do caminho. Quem encontrar, favor devolver.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lelé

Tive a minha primeira crise existencial aos dez, onze anos, se não me engano. Estava de férias em Camaçari, era noite e estavam todos conversando e rindo alto na varanda de casa, enquanto eu passava apuros em um dos quartos - tive uma espécie de black-out e passei a não reconhecer as minhas mãos, o meu nome, a minha voz. 

O negócio foi meio punk e custou a passar – fiquei alguns dias nessa neura, mas depois esqueci. Há um mês essa maluquice voltou a me importunar. Desta vez fui mais esperta e comecei a abrir o jogo com a galera que me rodeia – vai que acordo com amnésia e o povo não acredita? Falei também pro médico que me acompanha há quase dois anos. Ele ficou desconfiado de umas coisas e mandou eu fazer uma batelada de exames, incluindo ressonância e mapeamento cerebral. 

Ainda bem que não tenho mais medo de ter problemas, de falar de problemas, de parecer ser um E.T. Algumas esquisitices minhas são até personalizadas - um luxo para poucos, sem sombra de dúvida. Não fico mais remoendo, imaginando, teorizando coisas. Imagina eu com 40...