quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Vade retro

Sim, voltei a ter medo de olho gordo. Hoje tive provas mais do que óbvias de que o danado existe e está sempre mais perto do que a gente imagina. Tempos atrás, eu tinha uma colega de trabalho super fofa, mas que eu não podia dividir com ela nada de bom que acontecia comigo, porque a bicha botava um olho tão miserento que tudo desandava. Teve até uma vez em que eu estava começando um namoro e, ao passear de mãos dadas com o fulano num shopping, dei de cara com ela. Nem preciso dizer que, como num passe de mágica, foi tudo por água a baixo. Passei a esconder as coisas dela, porque o babado ali era da pesada.

Há um mês estou de trabalho novo, tudo lindo e maravilhoso, todo mundo se amando, coisa e tal. Passei a última semana no cliente e hoje, ao voltar pro escritório, revi a galerinha que está começando a se formar. Um dos integrantes dessa galerinha quase caiu duro quando viu que o meu note era um Vaio e não escondeu a sua indignação. Saímos todos para almoçar e agora, ao retornar, o que vejo? O meu mouse interno parou de funcionar assim, sem mais nem menos, de uma hora para outra, me deixando completamente na mão.

Não é de hoje que Marquinho vem me alertando quanto à minha falta de blindagem em relação a certas coisas. Diz sempre que sou como criança, ingênua e aberta a tudo e a todos. É, acho que tá na hora de voltar a usar certas cositas...

sábado, 16 de janeiro de 2010

What do you do?

Ultimamente, para matar o meu tempo durante as intermináveis horas que passo no trânsito de São Paulo, desenvolvi uma técnica no mínimo terapêutica: lembro das pessoas que me fizeram mal de alguma forma e imagino qual outra situação de vida cairia muito bem para elas. 

Por exemplo, imaginei minha ex-chefe, uma neta de árabe falida e que mantém a pose até a morte, vestida num belo jaleco encardido vendendo pastel na feira. Ficou até bonitinha a danada. 

Já o marido dela, que também teve o prazer de me chefiar, um ruivo esquelético que só se comunica em inglês até com o cachorro, imaginei sendo frentista de posto de gasolina. Ficou perfeito. 

O tio dele, o big boss, um senhor alto, filho de pai inglês e mãe americana, dono de um belo par de olhos azuis, imaginei como porteiro de algum prédio comercial decadente lá no centrão. Ficou muito fofo. 

O último contemplado foi o sócio minoritário da empresa, um argentino bipolar que pode ser gente fina ou cão chupando manga em questão de segundos. Esse eu imaginei como funcionário do metrô, daqueles que ficam confinados na cabine vendendo as passagens, todo de azul, com cara de poucos amigos. Ficou uma coisa. 

Como estou praticamente viciada nisso, vou ampliar o meu leque de personagens a serem presenteados com a minha imaginação. O negócio funciona. Eu recomendo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Pee-pee

Quem me conhece sabe a quantidade de água que bebo por dia. E como não tenho nenhum problema de retenção de líquido, entrou/saiu, assim, automaticamente. Me sinto até meio esquisita quando essa rotina é quebrada. 

Levo exatas duas horas para ir ao trabalho e outras duas e vinte para voltar para casa, sem contar algum imprevisto ou dilúvio repentino. Ontem eu esqueci completamente que devo parar de beber água no meio da tarde e, às seis e quinze, quando estava indo para o ponto de ônibus, lembrei da bobeira que tinha dado. “Você só vai ficar com vontade de fazer xixi se lembrar que bebeu água até cinco minutos atrás”, era o meu mantra sem resultado, já que toda vez que eu mentalizava a palavra “xixi”, dava vontade de chorar. E não tinha nenhum maldito boteco por perto, nada que eu pudesse aliviar minha aflição. 

O ônibus chegou e a minha alegria em ver que tinha lugar para sentar foi tanta que por alguns segundos esqueci do meu problema. Como tudo tem seu preço, não foi por acaso que o ônibus estava vazio: o percurso que faz foi definido por algum bêbado com labirintite, tamanho é o arrodeio que dá. E minha vontade de fazer xixi me deixando louca. 

Atrás de mim um casal de amigos conversava animadamente, sendo que ele, além de cômico, era gay que falava mal de gay e imitava outros gays. Cada vez que eles caíam na gargalhada, eu achava que seria o meu fim. Quando o ônibus balançava, idem. Comecei a suar frio, a respirar fundo, a ficar ofegante, a parar de respirar. Ficava cinco minutos sentada de um lado, outros cinco de outro, para balancear sei lá o quê. 

Depois de intermináveis 1h20 de viagem, desci do ônibus que nem uma alucinada e quase fui atropelada por uma moto, pois quando vi que tinha uma lanchonete do outro lado da rua, não enxergava mais nada na minha frente. Com palavras desencontradas, perguntei pra garçonete se podia usar o banheiro e ela, toda solícita, me indicou o que ficava no salão de eventos, por ser mais limpo. Até parece que isso ia fazer alguma diferença naquela hora. Tudo resolvido e a primeira coisa que me veio à cabeça antes de esperar pelo segundo ônibus foi cantarolar “Singing in the rain”. Começava a garoar.

Oriente-se

A Voluntários não enche mais os meus olhos. Meu sonho agora é mergulhar no mar de camelôs da Rua Oriente, chegar de manhã cedinho e só sair depois que tiver surtado completamente diante de tanta pechincha.
Esse vuco-vuco começou há duas semanas, quando passei a pegar um ônibus que cruza o Brás de ponta a ponta, bem na hora da ferveção da feira atacadista. Como o número de pessoas é infinitamente superior a qualquer dia de carnaval em Salvador, não raramente o trânsito é lento e confuso. 

Da janela do busão eu já mapeei a região por inteiro: sei onde tem blusinhas de tecido ultra-mega-fashions por R$5,00 e com cores lindas, outras tantas que saem três por R$20,00, macacão de malha fresquinho e da moda por R$12,00 e vestidos, a minha fixação, por R$7,00. Isso porque foquei nos preços de varejo, pois mais de seis peças viram “atacado” e a coisa melhora e muito de figura. Com cem conto ali eu monto uma loja particular por trimestre, brincando. Bem que podíamos ter 14º, 15º, 16º...

Salute!


2010 chegou chegando. Sem eu nem ter feito as tradicionais e enfadonhas promessas pro ano novo, muita coisa começou a acontecer por conta própria. Taí a receita do sucesso. Qual terá sido o motivo para essa revolução toda?

Vejamos: em 2009 encerrou-se um tenebroso período da minha vida que teve de tudo, sem exagero. Muito lixo foi produzido, colocado para fora e alguns até reciclados. Tive algumas vitórias pessoais consideráveis, principalmente a de ter reencontrado o meu amor próprio e ter conquistado o de uma pessoa mais do que especial. Ainda deu tempo de estudar um pouquinho e também de me dar alguns meses de merecido descanso.

Agora sim as coisas parecem ter mais fluência. Janeiro mal ultrapassou a segunda quinzena e meu nível de produtividades está lá em cima.

Que assim seja.