sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Pee-pee

Quem me conhece sabe a quantidade de água que bebo por dia. E como não tenho nenhum problema de retenção de líquido, entrou/saiu, assim, automaticamente. Me sinto até meio esquisita quando essa rotina é quebrada. 

Levo exatas duas horas para ir ao trabalho e outras duas e vinte para voltar para casa, sem contar algum imprevisto ou dilúvio repentino. Ontem eu esqueci completamente que devo parar de beber água no meio da tarde e, às seis e quinze, quando estava indo para o ponto de ônibus, lembrei da bobeira que tinha dado. “Você só vai ficar com vontade de fazer xixi se lembrar que bebeu água até cinco minutos atrás”, era o meu mantra sem resultado, já que toda vez que eu mentalizava a palavra “xixi”, dava vontade de chorar. E não tinha nenhum maldito boteco por perto, nada que eu pudesse aliviar minha aflição. 

O ônibus chegou e a minha alegria em ver que tinha lugar para sentar foi tanta que por alguns segundos esqueci do meu problema. Como tudo tem seu preço, não foi por acaso que o ônibus estava vazio: o percurso que faz foi definido por algum bêbado com labirintite, tamanho é o arrodeio que dá. E minha vontade de fazer xixi me deixando louca. 

Atrás de mim um casal de amigos conversava animadamente, sendo que ele, além de cômico, era gay que falava mal de gay e imitava outros gays. Cada vez que eles caíam na gargalhada, eu achava que seria o meu fim. Quando o ônibus balançava, idem. Comecei a suar frio, a respirar fundo, a ficar ofegante, a parar de respirar. Ficava cinco minutos sentada de um lado, outros cinco de outro, para balancear sei lá o quê. 

Depois de intermináveis 1h20 de viagem, desci do ônibus que nem uma alucinada e quase fui atropelada por uma moto, pois quando vi que tinha uma lanchonete do outro lado da rua, não enxergava mais nada na minha frente. Com palavras desencontradas, perguntei pra garçonete se podia usar o banheiro e ela, toda solícita, me indicou o que ficava no salão de eventos, por ser mais limpo. Até parece que isso ia fazer alguma diferença naquela hora. Tudo resolvido e a primeira coisa que me veio à cabeça antes de esperar pelo segundo ônibus foi cantarolar “Singing in the rain”. Começava a garoar.

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