segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mas louco é quem me diz...

Conheço pelo menos três pessoas que saíram das redes sociais simplesmente por não suportarem a quantidade de hipocrisia reunida. Elas estão certas: todo mundo no Orkut, no Facebook ou no Twitter é bem-resolvido, é mais feliz, é mais rico. 

Fica aquela sensação de que somos incompetentes ou que estamos de penetra numa festa que não é nossa – só os bem-sucedidos foram convidados. Eu já tive a minha crise Orkutiana, não é de hoje. Queria, a todo custo, descobrir onde aquela gente arranjava tanta coisa legal pra fazer e com pessoas tão igualmente legais. 

Essa neura se dissipou quando comecei a saber o que se passava nos bastidores, do lado de lá: amigos frustrados, tentando a todo custo fazer de conta que a vida era bela. Sem contar os genuinamente infelizes que encontravam, na ilusão de um perfil, a projeção do que gostariam ser um dia. 

Conclui que quando a gente está realmente feliz, tudo dando muito certo na nossa vida, nós até deixamos escapar uma ou outra informação aqui ou acolá, mas não escancaramos tudo não. Felicidade é como um filho, que a gente tem que cuidar, preservar e apresentar ao mundo na hora certa.

terça-feira, 5 de julho de 2011

My way

Desenvolvi um estranho método de dar valor à minha vida: ao invés de agradecer a Papai do Céu todo santo dia pelo que tenho hoje, agradeço pelo que perdi lá atrás. Como faço isso? Fico imaginando como estaria hoje se tivesse tomado outro caminho, bem ao estilo “Efeito Borboleta”. O desfecho? Até hoje não teve um digno de ser chorado como leite derramado, juro. Moral da história? Minha terapeuta ficaria orgulhosa se lesse esse texto um dia.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Paura

O Brasil chocado com o que vimos ontem no Rio, não se comenta outra coisa nas ruas. Ouvi até de um mais empolgado dizer que o país está tão desenvolvido que já está tendo problemas de lugares ricos. Enfim. 

O que sempre me deixou em pânico em relação a esse tipo de crime é o não querer nada em troca, sabe? O fulano tem um ideal louco na cabeça e uma arma na mão e pronto. Faz o estrago e se mata, fim, the end, caso encerrado. Simples assim. Deixa uma cartinha, aparece uma ou outra pessoa próxima pra dizer que o cara era meio esquisitão e não tem mais o que se fazer. Tem coisa mais aterrorizante que terrorismo?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Momento "servidor da empresa fora do ar"

- Gente, o meu sonho de ir pro Tahiti está mais próximo de ser realizado! 

Colega 1, menino: - Vai assaltar um banco? 

Colega 2, menino: - Conta que eu também quero ir. 

- Descobri que eu posso pegar um vôo São Paulo-Santiago outro Santiago-Ilha de Páscoa e finalmente um Ilha de Páscoa-Papeete! 

Colega 1, menino: - Qual a vantagem nisso? 

- Não vou ficar enclausurada mais de 20 horas num avião. 

Colega 1, menino: - Não é melhor 20 horas direto do que esse monte de conexão, levando-se em conta que 99% dos acidentes com avião são no pouso e na decolagem? 

Colega 2, menino: -kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!! 

- Eu acho que preciso é de terapia. 

Colega 1, menino: - TER A PIA cheia de louça pra lavar? 

Colega 2, menino: - Meu, você hoje tá inspirado, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!! 

Coelga 3, menina: - Às vezes funciona, sabia? 

Colega 2, menino: - Cuidado que ela pode te processar alegando machismo. 

Colega 3, menina: - Ou assédio... assédio o quê mesmo, nesse caso? 

Chefe aflito, responsável pelo nosso ócio momentâneo, gritando da sala do servidor: - Calma, gente, daqui a pouco volta ao normal!!!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Prefiro as máquinas

Ou você confia em mim ou não confia. Quer me deixar p da vida? Me pergunte uma coisa, faça de conta que aceitou a resposta e depois pergunte a mesmíssima coisa pra outra pessoa. 

Eu tinha uma colega de trabalho que vivia me pedindo ajuda nos exercícios de inglês. Até um dia que descobri que ela, depois de ouvir a minha explicação, perguntava a outro colega nosso também. Só descobrimos quando ele, na dúvida sobre a utilização de um verbo, me perguntou e acabamos desmascarando a danada. 

Meu pai tem essa mania quando o assunto é a sua nova paixão, informática. Vem, me pergunta como faz isso ou aquilo, eu viro as costas ele pergunta pra minha irmã ou pro meu cunhado. Se não confia, pra quê me encher o saco? E olha que quando eu não tenho certeza eu pesquiso, na maior consideração com a pessoa que confiou em mim. 

Hoje foi um consultor: me mandou um e-mail do tamanho do mundo pedindo pra eu confirmar por escrito o que tínhamos conversado ontem por telefone. Segundo ele, precisava de maior precisão na informação – perguntou até se eu tinha certeza do que tinha dito antes. Atendi o seu pedido e fiz um texto muito lindo, repetindo cada palavra das instruções que lhe dei um dia antes. O que eu recebo agora? Um e-mail do gerente dele, destinado ao desenvolvedor do software daqui da empresa, pedindo que ele diga o que é realmente correto. 

Por que a humanidade é tão tosca?

sexta-feira, 25 de março de 2011

Vovô se foi ontem, depois de ter passado mal na tarde do dia anterior. Tinha 90 anos e todo dia dizia que não ia amanhecer vivo. Apesar de ser meio doidinho, era lúcido e dava uma aula, no mínimo peculiar, sobre o descobrimento do Brasil. Quando morava no interior, era pedreiro de dia e pescador à noite, o que lhe rendeu profundos conhecimentos sobre construção e previsão do tempo. Não era muito chegado a certos chamegos, mas era só a gente pegar ele de jeito que amansava. Enfim, era uma figura, que agora vai descansar, quem sabe, perto de Vovó. Na foto, no último Natal, meio zangado com a bagunça.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Um só, graças a Deus

Acho gozado quem encontrou Jesus, depois de muita asneira que fez na vida, e agora querer catequizar o resto da humanidade. Pior é dizer que o Jesus dela é diferente do meu e me convidar, insistentemente, para freqüentar a sua igreja. Fora os salmos diários mandados por SMS. Ainda bem que o nosso Jesus é muito maior que tudo isso, né?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cinzas


Eu sei que o meu primeiro baile de carnaval foi aos 4 anos, no Clube dos Oficiais da Polícia Militar, na Av. Dendezeiros, fantasiada de baiana, fantasia esta totalmente confeccionada por Mainha. Aliás, todo ano era a mesma história: qual seria a minha fantasia de carnaval. 

Eu morria de vontade de sair de Mulher Maravilha ou de odalisca, já me via vestida naquelas fantasias bem fuleirinhas que já vinham prontas nas Americanas. Vá explicar isso pra Mainha? Ela mesma é quem tinha que conceber a idéia da fantasia, comprar pessoalmente os aviamentos e costurar. E depois, é claro, ouvir os elogios. De todos, menos de mim. 

Eu queria mesmo era a bendita Mulher Maravilha das Americanas. Mas o meu lado diplomático falava mais alto nessa época e nunca protestei sobre isso. Se eu contar que até hoje me dá uma coisa quando vejo essa fantasia, alguém acredita???

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

É triste

Percebe-se que a idade chegou chegando quando: 

. Pipocam remakes de filmes e novelas cujos originais não só vimos como lembramos;
. Passamos uma semana inteira na base da folha e só conseguimos emagrecer, no máximo, 200 microgramas;
. Nossos colegas e amigos de infância já estão com filhos pré-adolescentes;
. Uma faxina mais pesada em casa significa o dia seguinte entrevada na cama;
. Ser chamada de “tiazinha” por um cidadão barbado, lembrando que ele não estava fazendo comparação com a personagem de Suzana Alves.

Agora eu entendo a teoria de Mainha sobre velhice...

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Mil novecentos e bolinha

Como a nossa vida hoje em dia é fácil, né? Celular, Skype, You Tube, notebook, MSN, câmeras a preço de banana que ainda por cima filmam, blábláblá. 

E pensar que: 
- Fiquei boquiaberta quando, lá pelos idos de 1986, ouvi dos meus colegas de sala mais abonados a primeira menção ao vídeo cassete. Eles contavam, tirando muita onda, que nem precisavam ficar até não sei que horas acordados pra assistir ao TV Pirata - era só deixar uma fita lá gravando e no dia seguinte assistiriam na hora que quisessem. Um deles foi até mais além, dizendo que o pai era perfeccionista e gravava os programas sem os comerciais. Achei aquilo o máximo da modernidade e do chiquê; 

- O pobre do meu primeiro namorado, todo santo dia à noite, ia até um orelhão próximo à sua casa, com uma cartela de fichas na mão, esperava não sei quanto tempo na fila, só pra me ligar e dizer um oi. Telefone era para poucos e nem eu mesma tinha, usando o de uma tia que morava perto pra receber as chamadas diárias, no mesmo bat horário; 

- Apesar de ter conhecido um grande amigo italiano num chat do falecido Zaz, era por carta que nos correspondíamos, já que eu não tinha computador em casa e não existia lan house. Aliás, a amizade com minha outra grande amiga Helene foi mantida na base do correio e alguns telefonemas aos domingos, sempre no horário mais barato, lá pelas tantas da noite; 

- Inúmeras fotos de passeios inesquecíveis tiveram que ficar só na lembrança, porque o filme da máquina queimou; 

– Não dava pra levar o LP que a gente mais gostava pra viagem de férias porque era grande, desengonçado, capa molenga, quebrava e arranhava fácil fácil. 

E como lembrar disso tudo me dá uma coceira danada, paro os exemplos por aqui. A gente era INFELIZ e não sabia.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Não entra na minha cabeça uma pessoa ter estudado muito, ter muita grana, viajar para lugares legais e a percepção de mundo só regredir. Mas regredir a tal ponto de ser impraticável se conseguir engrenar uma conversa simples pelo MSN, a amizade de uma vida ter se resumido a troca de recadinhos banais no Facebook

E olha que hoje ela me decepcionou até nisso, já que não entendeu um comentário babaca que fiz no meu status. O que dizer então de uma pessoa, nascida e criada em São Paulo, na periferia, mas em São Paulo, casada há 20 anos com uma pessoa mais antenada, continuar repetindo (e acreditando) em lendas urbanas batidas e surradas? Pior ainda: como trabalha nas imediações de casa, agradece a Deus por não precisar sair de onde vive, orgulhando-se de fazer mais de ano que não sai do bairro? 

Olha, vendo esses dois casos, só me orgulho da minha falecida avó: nasceu num interior brabo da Bahia, foi pra Salvador já adulta, não sabia ler. Mas era uma pessoa tão inteirada com o mundo à volta que dava um verdadeiro banho nessas duas criaturas que conheço. Ela podia até não entender alguma coisa que visse na televisão, mas matutava até achar uma resposta. Não sossegou até conseguir escrever o seu nome, pois não queria que o RG novo tivesse o carimbo de “analfabeta”. Acho até que se não fosse o grave problema congênito que tinha no coração, teria estudado, pois se interessava muito com as nossas lições de casa, chegando até a fazer caligrafia quando dava. Sem contar que tinha uma mão maravilhosa para curativos, cocadas, costura, bordado, penteados. 

 Discrepante, né?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Manteiga derretida no mel

Hoje o dia não começou muito bem, dor na coluna e uma bronca daquelas, levada da maneira mais injusta do mundo, pela pessoa mais grossa da empresa. Se tem uma coisa que não sei lidar, é com bronca. Eu tremo dos pés a cabeça, o sangue gela, o coração só falta sair pela boca, travo totalmente. A vontade é de argumentar, mesmo sabendo que não vai adiantar nada. Demoro até voltar completamente ao normal, acabo estragando o meu dia. 

Eu não queria ser assim. Lembro que na época da escola eu morria de vergonha pelos colegas que levavam broncas na sala de aula, na frente de todo mundo. Eu jurava pra mim mesma que aquele era um tipo de situação que eu não admitia pra mim, não ia me sujeitar àquela humilhação jamais. 

Mas quem levou muita bronca nessa época, aprendeu a lidar com as broncas da vida. Essas pessoas conseguem se sair muito bem quando levam aquele carão em público, conheço até quem tira sarro da situação. Aquilo simplesmente é encarado como parte da vida, ninguém morre por isso. Só sei que eu queria muito não ser do time de quem quer correr pra cama pra chorar.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011