segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Tempo, tempo, mano velho

O ano de 2000 foi ontem e lá se foram dez anos. Como pode? 

Engraçado que naquele ano, quando eu olhava pra trás dez anos, tudo parecia mais distante e obsoleto. Talvez porque em 1990 eu tivesse apenas 15 anos. E com 15 anos a nossa vida é bem diferente de quando já caminhamos a passos largos pros 30. 

Se você convive com pessoas com menos de 25, fica tudo muito mais confuso: nós assistimos Ghost no cinema, no meu caso com o primeiro namorado. E lá se vão 20 anos!!! Ou seja, Ghost é hoje pra galera de 20 o que os filmes da década de 60 eram pra mim: filmes antigos.

Com novela, a mesma coisa: já estou na fase de ver sucessos da minha infância sendo regravadas com roupagem atual. E pensar que todo o enredo, trilha sonora e muitas das cenas de TiTiTi continuam vivos em minha memória. 

Pergunta que não quer calar: daqui a dez anos, como estarão as coisas? Quanto tempo será que vou achar que passou quando eu lembrar de 2010? E de 2000? Muito doido.

Uma como muitas

Tem gente que procura sarna pra se coçar, né? Conheço uma figurinha com uma história que a gente só vê em filme que fala da miséria humana: 19 anos, mãe solteira, diarista durante a semana e manicure aos sábados, acabou de entrar na justiça para que o pai de sua filha passe a ajudá-la no sustento da menina, de quase três anos. 

A criança frequenta uma creche municipal em tempo integral de segunda a sexta e vai para o salão com a mãe todo sábado, para desespero das clientes, já que o pai, que reserva o fim de semana para encher a cara, se recusa a ficar com ela. 

A mãe apareceu com uma conversa meio enrolada dia desses, que tinha reencontrado um amor do passado e que estavam dispostos a recomeçar, apesar dele morar em outra cidade. Na semana seguinte a história ficou mais atrapalhada ainda, já que o príncipe encantado foi vítima de uma bala perdida enquanto saía de um churrasco. 

Estava internado, mas não podia receber visitas de jeito nenhum. Também não podia receber ligações e ela só sabia do seu estado através da família dele. E essa história ficava confusa a cada semana que eu ia fazer minhas unhas, mas eu não deixava claro que sabia que muita coisa estava sendo omitida ou fantasiada. Ela falava, falava, falava, e eu e minha cara de pessoa ajuizada, sempre atraindo esse tipo de situação, ouvindo tudo com muita atenção e paciência. 

Sábado passado ela não aguentou e me contou a verdade: o fulaninho havia sido preso por estar dirigindo um carro roubado (“Coitado, Cynthia, ele não sabia” – e eu fiz cara de quem acreditou), mas não voltou pra cadeia em um desses indultos que recebem em datas comemorativas. Ou seja, foragido. Na saída do tal churrasco apareceu um do nada e deu três tiros nele, coisa encomendada mesmo. E ele está preso no hospital penitenciário, cumprindo pena e sem poder receber visitas ou falar por telefone. 

E ela caindo de amores, fazendo planos de quando ele estiver livre, mesmo se for confirmado que vai ficar paralítico, pois aí sim a vida dela vai tomar um rumo. Rezo para que seja o certo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A incrível capacidade de estragar o dia alheio

Que eu me lembre, tive três entrevistas de emprego catastróficas, contando com a de ontem, todas aqui em São Paulo. 

Numa delas, fui pega de surpresa para fazer um teste de Excel, o que não era muito minha praia na época, e acabei comendo sabão. Na outra, fiz o pior trajeto possível, debaixo de um temporal monstro, com calça clara, sobrinha quebrada, a chapinha indo pro beleleu e e eu chegando atrasada e com cara de Maga Patalógica. Mesmo assim me entrevistaram mas, pro nível do lugar, eu mais parecia uma candidata a bucha de canhão. 

E a de ontem. Ah, a de ontem. Eu estava animada e confiante por três motivos: primeiro, o meu professor da academia que fiz é um dos sócios da empresa. Segundo, fui indicada por um ex-colega. Terceiro, eu me saí muito, muito bem mesmo na primeira entrevista, que foi há quase um mês – a maior prova é que fui chamada para a entrevista técnica. 

Tirando a mágica que tive que fazer pra sair da Vila Mariana às 16h45 e chegar em Pinheiros meia hora depois, com o dilúvio que rolou aqui, as coisas pareciam muito bem encaminhadas. Já estava até treinando a conversa que ia ter com o meu chefe atual sobre a minha saída, motivada apenas pela busca de novos horizontes profissionais. 

Fui recebida pelo meu ex-professor, mas logo em seguida ele me deixou com o que seria o meu chefe imediato e com a coordenadora de projetos. Beleza, pouca coisa me assusta hoje em dia. Só que o fulaninho era um bom de um filho da puta, que fez de tudo para me constranger – e conseguiu. 

Como eu ainda estava no clima leve e descontraído da conversa que estava tendo com o meu ex-professor, achei até que o capeta estava sendo engraçadinho – não, ele estava sacaneando mesmo com a minha cara de tonha. Começou dizendo que não fazia idéia de onde ficava Jaçanã, o bairro onde moro. Eu disse que ficava longe de qualquer lugar e ele disse que também morava num lugar assim quando era solteiro, mas que melhorou de vida. Primeiro comentário infeliz. 

Daí, começou a me fazer perguntas absurdas sobre o sistema, como se fosse uma banca examinadora de doutorado em física quântica. Também me aplicou um teste escrito onde eu deveria qualificar de 0 a 5 o meu conhecimento dos módulos, sendo que eu seria cobrada através dessa pontuação, caso fosse contratada. Caçou o que eu pontuei como 5 e me fez uma pergunta simplesmente ridícula, sem noção, nada a ver, coisa que nem a prova de certificação da academia perguntou. 

Saí de lá meio mal - se fosse em outros tempos, com certeza, sairia chorando. Bom, caso eles me chamem, a resposta já tenho na ponta da língua: "Obrigada, não tenho mais interesse. A empresa não é o perfil que procuro para trabalhar. Passem bem."