Que eu me lembre, tive três entrevistas de emprego catastróficas, contando com a de ontem, todas aqui em São Paulo.
Numa delas, fui pega de surpresa para fazer um teste de Excel, o que não era muito minha praia na época, e acabei comendo sabão. Na outra, fiz o pior trajeto possível, debaixo de um temporal monstro, com calça clara, sobrinha quebrada, a chapinha indo pro beleleu e e eu chegando atrasada e com cara de Maga Patalógica. Mesmo assim me entrevistaram mas, pro nível do lugar, eu mais parecia uma candidata a bucha de canhão.
E a de ontem. Ah, a de ontem.
Eu estava animada e confiante por três motivos: primeiro, o meu professor da academia que fiz é um dos sócios da empresa. Segundo, fui indicada por um ex-colega. Terceiro, eu me saí muito, muito bem mesmo na primeira entrevista, que foi há quase um mês – a maior prova é que fui chamada para a entrevista técnica.
Tirando a mágica que tive que fazer pra sair da Vila Mariana às 16h45 e chegar em Pinheiros meia hora depois, com o dilúvio que rolou aqui, as coisas pareciam muito bem encaminhadas. Já estava até treinando a conversa que ia ter com o meu chefe atual sobre a minha saída, motivada apenas pela busca de novos horizontes profissionais.
Fui recebida pelo meu ex-professor, mas logo em seguida ele me deixou com o que seria o meu chefe imediato e com a coordenadora de projetos. Beleza, pouca coisa me assusta hoje em dia.
Só que o fulaninho era um bom de um filho da puta, que fez de tudo para me constranger – e conseguiu.
Como eu ainda estava no clima leve e descontraído da conversa que estava tendo com o meu ex-professor, achei até que o capeta estava sendo engraçadinho – não, ele estava sacaneando mesmo com a minha cara de tonha. Começou dizendo que não fazia idéia de onde ficava Jaçanã, o bairro onde moro. Eu disse que ficava longe de qualquer lugar e ele disse que também morava num lugar assim quando era solteiro, mas que melhorou de vida. Primeiro comentário infeliz.
Daí, começou a me fazer perguntas absurdas sobre o sistema, como se fosse uma banca examinadora de doutorado em física quântica. Também me aplicou um teste escrito onde eu deveria qualificar de 0 a 5 o meu conhecimento dos módulos, sendo que eu seria cobrada através dessa pontuação, caso fosse contratada. Caçou o que eu pontuei como 5 e me fez uma pergunta simplesmente ridícula, sem noção, nada a ver, coisa que nem a prova de certificação da academia perguntou.
Saí de lá meio mal - se fosse em outros tempos, com certeza, sairia chorando.
Bom, caso eles me chamem, a resposta já tenho na ponta da língua: "Obrigada, não tenho mais interesse. A empresa não é o perfil que procuro para trabalhar. Passem bem."