quarta-feira, 30 de julho de 2008

Ah, David Beckham...


I miss him


Tinha dormido a tarde inteira e acordei com ele num banquinho em frente à cama, desenhando alguma coisa no caderno. “O que é isso?” – perguntei. “É você dormindo. Tão linda que parece bichinho de desenho animado da Disney".
*
Não consigo imaginar declaração de amor mais surpreendente...

terça-feira, 29 de julho de 2008

Past Tense

Mal podia acreditar no e-mail que acabava de ler. Sim, era ele, um caso do passado que queria saber como eu estava depois de seis anos sem nenhum contato. O pior: estávamos na mesma cidade e ele nem imaginava. Pior ainda: ele queria me ver.

Adiei o que pude o tal reencontro, já que precisava emagrecer os eternos 5 kg a mais que toda mulher, em sã consciência, tem. Reservei a sala de ginástica do prédio pra semana inteira e já acordava pronta pra pegar no pesado. Passei a usar uma dieta mais saudável, tipo sopa nas três refeições intercalando com litros de água. Aboli o elevador da minha vida, pois subir escada deixa as pernas definidas e o fôlego em dia. Nesse meio tempo, SMS pra cá, SMS pra lá, tudo muito lindo e romântico. Tudo prometendo. Eu ia tirar o pé da lama.

Marcamos para sair num sábado de muito calor em São Paulo. Obviamente, não dormi na noite anterior,  pois dormindo as horas passam mais devagar. Às seis e meia eu já estava de pé pronta para ir ao shopping fazer umas comprinhas básicas, típicas de reencontros. Enquanto caminhava para a estação de metrô, tentava lembrar em qual shopping eu teria mais opções de Marisas, C&As, Renners e Riachuelos, já que todos os meus cartões estavam em dia bom. Decidi pelo Tatuapé e lá fui eu, morrendo de calor e com medo de acontecer alguma catástrofe que impedisse o meu esperadíssimo reencontro daquela noite. Comecei até a questionar a segurança dos metrôs e das escadas rolantes das grandes metrópoles, mas isso já é outra história.

Chegando lá, me vi perdida diante das novidades da coleção de verão que acabava de desembarcar em toda a cidade. Confesso que xinguei minha irmã umas cinco vezes seguidas, já que ela tinha mais o que fazer e não pôde me acompanhar na maratona de busca pelo look perfeito. Vi que um dos seguranças da Renner começou a me seguir discretamente, devido ao meu comportamento no mínimo estranho. Fazer o quê? Tive que voltar lá duas vezes pra experimentar as mesmas coisas, mas não tinha como explicá-lo que isso fazia parte do processo.

Enfim, quatro horas depois e bastante satisfeita com minhas compras, embora ansiosa sobre o que minha irmã diria do que eu acabara de comprar, lá fui eu ao salão, com hora devidamente marcada pelo telefone e pessoalmente, pronta para um verdadeiro extreme makeover. “E se ele não aparecer e não ligar nunca mais?”. “Ah, por mim. Quem perde é ele. E agora eu tenho um vestido poderoso e uma sandália lilás ultra-fashion”.

Bom, ele ligou dizendo que estava perdido na minha rua. Ele chegou no horário combinado. Ele continuava o de sempre, apesar de umas ruguinhas a mais. Usava o mesmo perfume. Fomos a uma badalada danceteria e eu, achando que todo o universo começava finalmente a conspirar a meu favor, me entreguei aos prazeres da carne com algumas dezenas de taças de vinho chileno e tomando conta da pista de dança. 

Lá pelas tantas, o convite sussurrado ao pé do ouvido: “E se fôssemos para outro lugar?” – “Yes, Sir!”, provavelmente foi o que respondi. “A vida é muita boa, a gente é que estraga a bichinha”, eu pensava. 

“Cynthia?”. Abro os olhos e me vejo com agulhas no braço, soro pra tudo o que era lado, um terrível mal-estar e o médico residente tentando me acordar. Havia desmaiado enquanto esperávamos o manobrista da danceteria trazer o carro e fui parar na emergência do Einstein. Pré-coma alcoólico. O meu partner? Esperou pela minha alta médica e me levou para casa. Ah e depois de um mês me mandou a fatura do hospital. 

R$1.500,00.

Simples assim

Por ser uma pessoa eclética, mais por natureza do que por escolha, tenho alguns gostos que podem parecer antagônicos aos mais desavisados. Às vezes soam até como excentricidade. Já citei aqui a miscelânea de artistas que eu comecei a admirar na infância e que até hoje continuam sendo meus ídolos, se é que sou o que se espera de uma fã que se preze.

Quantas vezes fiz cara de parede ao ser interrogada sobre qual era o meu estilo musical preferido? E sobre filmes? Livros, então, nem se fala. Certa vez, diante da quantidade de loucuras que fiz ao ciceronear uma desconhecida em Salvador, amiga de um amigo meu, um outro amigo me definiu com uma frase: “Cynthia, você é um camaleão”. Disse que não conseguia entender como eu podia sair de um show de axé no Pelô, tomar cravinho, falar mal da Vivara, debater sobre espiritismo, falar bem da Ford, tomar caipirinha e falar sobre Kafka, tudo isso com a cara mais deslavada do mundo. Até hoje fico em dúvida se isso foi uma crítica ou um elogio...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

É massa


sexta-feira, 25 de julho de 2008

Quero um

Para os dias em que a gente amanhece gorda, com espinhas e com cabelo de palha.

Teste Surpresa


A maionese foi um dos avanços que possibilitaram as Grandes Navegações



Todo mundo tem uma história pessoal, uma "história de vida", etc, não é mesmo? Pois então, responda aí a este teste surpresa sobre a sua História Moderna e Contemporânea:

1. Defendeu a Revolução Permanente, em oposição às Teses da Chapa:

( ) Donna Summer

( ) Aracy de Almeida

( ) Kim Possible

( ) Pocahontas


2. Demarca a transição do modo manual de produção de comida para o mecânico:

( ) a ascensão dos enlatados

( ) o Pacto de Santo Domingo

( ) a descoberta do microondas, do processador e da frisa a vapor

( ) todos os fatores acima

3. Dentre as conseqüências do Ciclo da Cana podemos indicar:

( ) o surgimento do Ciclo da Borracha, com o esquecimento de tudo o que ocorreu naquela noite, inclusive a dança do Deboche em cima da mesa.

( ) a mudança de hábitos alimentares, com aumento vertiginoso do consumo de água

( ) a produção em série de cabos de guarda-chuva

4. Qual ou quais aspectos abaixo caracterizam o Renascimento?

( ) uma onda de expurgos no Orkut, eliminando todos os aliados daquele descarado.

( ) uma série de transformações estéticas, provocando um crescente endividamento frente à C & A e outras potências estrangeiras.

( ) o surgimento do Ciclo do Cacau, conduzindo à inflação e a um estupendo superávit na balança comercial da farmácia.

( ) o estabelecimento de uma nova Agenda, eliminando todos os contatos daquele desgraçado.

( ) a divisão do mundo e da sala-de-aula em dois blocos antagônicos que buscam estender sua zona de influência sobre os não-alinhados.

5. Tópico Dissertativo: A Quebra da Bolsa e a Grande Depressão.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

We Will Rock You

Hipnotizada. É assim que hoje defino o que aconteceu comigo quando vi Freddie Mercury pela primeira vez na televisão, em janeiro de 85, na primeira edição do Rock in Rio. Da mesma forma pareciam estar os cerca de 300 mil fãs que o acompanhavam ao som de “Love of My Life”. Da mesma forma parecia estar o próprio Freddie, se portando como maestro diante daquela mistura de vozes ao seu redor – “Beautiful, beautiful”- repetia.

Eu tinha dez anos e minha cabeça era um pouco atrapalhada. Eu não perdia um Balão Mágico matinal, assim como torcia para que Lobão, Titãs, Kid Abelha, Lulu Santos e afins fossem ao Chacrinha no sábado. Imitava Madonna e Gretchen. Dizia que ia casar com Sidney Magal. Tinha todos os LPs de Simony e sua trupe, mas também sabia cantar a maioria das letras dos meus ídolos adultos de cor. Mesmo embolando um pouquinho o meio de campo, lá estava eu, sempre acompanhando os “malucos”, segundo Mainha e Tia Didi.

Em meio a esse cenário me aparece o Queen e ele, Freddie Mercury. Ou vice-versa. Eu não sabia uma palavra em inglês, não entendia absolutamente nada do que ele cantava, mas eu gostava assim mesmo. Intui que Freddie era polêmico e acho que foi aí que ele me conquistou de vez. Li que ele tinha se recusado a passar pelo corredor de acesso aos camarins do grande evento porque estrelas nacionais se amontoavam em seu caminho para vê-lo. Vi a entrevista que deu à Glória Maria e achei graça. Soube também que ele perguntou se no Brasil tinha furacão e, diante da resposta negativa, colocou o seu camarim de pernas pro ar, com direito até a mamão papaya no teto. 

Mas ele podia. Ele era Freddie. Ele usava bigode. Ele podia. Ele é o eterno Freddie Mercury, que fez a trilha sonora de muitos momentos de minha vida.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Drama


sexta-feira, 18 de julho de 2008

A bobagem alheia

Pelo menos comigo é assim: toda vez que penso em fazer ou dizer alguma coisa diferente do convencional, acho que vou fazer papel de tola. Já teve épocas de eu simplesmente ficar muda em sala de aula, diante de algum debate mais polêmico, por achar que o que falasse soaria como ridículo. E não é que ia sempre um CDF e falava exatamente o que eu estava imaginando? Mas eles podiam, eu imaginava. Afinal, CDF tem seus momentos de descanso também.

Recentemente, fui convidada a fazer parte de uma pesquisa de opinião. Fiquei meio receosa, já que os entrevistados tinham os currículos infinitamente mais gabaritados do que o meu, mas resolvi encarar. Jurei pra mim mesma que ia fazer o contrário de tudo que tinha feito na minha época de estudante. Decidi que falaria absolutamente tudo o que desse na telha. Ia me entregar ao jogo como as crianças fazem. Falaria bobagens e aprenderia com as alheias. E não é que gostei da experiência?

Primeiro, quando levantei algumas questões no grupo, vi estampado na cara de alguns engravatados de multinacional (e olha que eram de diretores em diante) a mesma decepção que eu sentia quando era estudante. Um até me confessou ao pé do ouvido: “Era exatamente o que eu ia falar!”. Acho que ele não entendeu quando respondi com um olhar sei-exatamente-o-que-você-está-passando. Segundo, não custa nada sermos nós mesmos. É fácil sustentar os argumentos e se eles não forem aceitos, é porque somos diferentes mesmo. Terceiro: ver uma alta executiva da área financeira gaguejando, não tem preço...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Dormi com Nelson, sonhei com Amaury

As minhas noites de sábado sem DVD, meus livros (todos em Salvador), TV paga, internet ou algo mais interessante para fazer sempre terminam num triste dilema: assistir  Zorra Total ou Amaury Jr.? Acabo optando pelo último, já que a RedeTv! pega melhor na minha casa do que os outros canais. Assim, não raramente, durmo ao som de "Nice and Slow", ou simplesmente "ÔÔÔ" (tem até um concurso do vídeo mais criativo usando esse primor de melodia...).

O pior não é assistir ao espetáculo bizarro que se passa em minha frente, onde o apresentador, um bajulador profissional com 25 anos de carreira, pula de festa em festa entrevistando pessoas endinheiradas pelo simples fato de terem dinheiro - pior é sonhar com o próprio.

Num desses sábados em que a gente resolve arrumar gaveta, só comer coisas saudáveis, jurar que nunca mais vai cometer os mesmos erros, blábláblá, eu decidi que não ia assistir televisão. Passei a manhã fuçando uns livros que um amigo tinha tinha encomendado, nuns sebos do centro. Pela primeira vez, só comprei frutas no supermercado. Afinal, se é pra mudar, que seja já.

Lá pelo finalzinho da tarde, peguei um dos livros que mandaria ao meu amigo na segunda-feira – "O Óbvio Ululante", de Nelson Rodrigues. Confesso que fiquei meio na dúvida entre esse e o "Elite da Tropa", também parte da eclética lista, mais pela tentação de ver Wagner Moura na capa do que pelo interesse no que estava escrito.

Bom, cabelos devidamente lavados e tratados como os rebeldes devem ser, deitei na cama e preparei-me para a longa jornada de leitura que havia imposto a mim mesma naquela noite. Nelson Rodrigues me hipnotizando e eu, morrendo de vergonha das asneiras que ando deixando públicas ultimamente...enfim, o sol nasceu para todos, era o meu pensamento no fatídico sábado de mudanças.

Passava da meia-noite quando apaguei a luz, já tendo lido mais da metade do livro. De repente, me vejo num ambiente regado a muito caviar e champanhe, flashes sendo disparados por todos os lados e ao meu lado, ninguém menos que Amaury Jr., com o seu inconfundível terninho, porém sem o seu inseparável microfone, tentando me dizer alguma coisa que o barulho da ocasião não permitia que eu o ouvisse.

Acordei, no mínimo, comovida com o meu inconsciente. Seria eu uma fútil em pele de cordeiro?

Quero meu Muro de volta!


Kennedy, encarando o verdadeiro Eixo do Mal: "Quero ver Cuba lançar!!"



Leio que, depois de ter instalado três centrífugas nucleares (a branca, a prata e a sensacional versão em alumínio profissional), o Irã anda fazendo testes com mísseis de longo alcance, com a finalidade estratégica de atentar o juízo de norteamericanos e israelenses. De vez em quando, a Coréia do Norte também abusa, mas em termos de confronto ideológico, o que temos, hoje, não passa disso. Uns e outros mais parecem vilões de desenho animado do que verdadeiras ameaças ao Mundo Livre. Aliás, nem se fala mais em Mundo Livre.


Nos tempos em que havia também a Cortina de Ferro (e a misteriosa Cortina de Bambu chinesa), a coisa era muito mais bacana. Vê lá se daria assunto um teste de mísseis soviéticos. O russo jogava foguete até de farra e ninguém dizia um isso. Nomenklatura, deténte, Politburo, a Revolução Cultural... aqueles desfiles de Primeiro de Maio na Praça Vermelha, então... a coisa tinha um charme, viu?...aliás, lembra aquela vez que o Brezhnev ficou doente e tiveram que arranjar um urso pra ficar dando tchauzinho no lugar dele? - e dá pra comparar o Che com o Chávez?...


Com vilões fuleiros e guerras chulés, só podíamos ter uma crise de mocinhos, também. Alguém conhece um meio James Bond, hoje? E o drama dos veteranos de guerra americanos, que voltavam doidos? hoje, o cara volta do Iraque e vai comer cachorro-quente vendo beisebol, como se estivesse vindo da casa da sogra. Aliás, dependendo da sogra, é mais jogo vir da guerra. E Bush parece que está segurando o riso quando fala grosso na televisão. E cada vez fala com mais pouco caso. Não duvido que, dia desses, com preguiça de fazer discurso comprido, ele arremate a coisa assim: "Vou sentar a mão na sua cara, pô!". Que diferença, não? - de um Kennedy, por exemplo, encarando a tal crise dos mísseis cubanos. Aquilo sim que era mocinho!
(A.S.)


"The risk of a wrong decision is preferable to the terror of indecision"
(Maimonides)

terça-feira, 15 de julho de 2008

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Nita

Ela trabalhava na casa dos meus avós e foi a minha primeira confidente. Chamava-se Helenita, mas odiava o nome por ser “de velho”. Uns quinze anos nos separavam, mas era ela quem me deixava por dentro dos últimos hits da rádio (Ritchie no seu auge), me ajudava nos deveres de casa e, num mundo sem internet, era solidária na minha aflição quando precisava fazer alguma pesquisa mais profunda: vinha com os seus livros de sétima série tentar adequar a linguagem ao que minha segunda série exigia.

Foi com ela que li, sem entender muito, “Fatos e Fotos” e umas outras fotonovelas cujos nomes não me lembro. Inventava milhares de rubricas, cada uma com o sobrenome de um artista diferente, pois era apaixonada por todos. Ficou toda eufórica quando começou a virem de brinde exemplares de Júlia e Bianca na caixa do OMO.

Ela e meu avô se revezavam na tarefa de me levar e buscar na escola. Eu sempre torcia para, no final da tarde, lá no portão, estivesse Nita à minha espera, pois com ela vinha a proposta indecente: “Vamos voltar pra casa andando e com o dinheiro do ônibus tomar sorvete?”. Aquilo pra mim era o cúmulo da transgressão e assim íamos, eu toda envaidecida pelo segredo com um adulto e ela maldizendo os rapazes que sempre diziam as mesmas coisas quando passávamos.

Estudava à noite e mais parecia que ia para uma festa. Dizia que alguns colegas de classe eram bonitos, mas ela gostava mesmo era do professor de História. A parede do seu quarto era cheia de pôsteres dos galãs da época. Quando estava de mau humor, não me dava muita bola. Sequer me fazia os penteados “de mocinha”. Quando estava namorando, era Ritchie o dia inteiro. Quando terminava, idem. Ela era assim. Perdi as contas das vezes em que, quando eu já não morava com os meus avós, ela sumia e aparecia, como num passe mágica. Dizia que era bruxa e eu acreditava. 

Fazia parte da família, confundia tudo, brigava com o meu avô, com minhas tias, se achava a dona da razão. Toda a família achava um absurdo quando ela levantava a voz ou quando simplesmente saía de folga e não voltava e nem dava notícias. Mas, na hora do aperto, chama Nita. “Será possível que essa menina não vai criar juízo?” virou um mantra para minha avó.

Ela criou juízo. Conheceu um moço sério, arranjou emprego num escritório, engravidou. Aos oito meses de gravidez, cheia de juízo e amor para dar, Nita morreu de meningite. Antes dos trinta anos. Eu só soube uns quatro meses depois.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Bolsa de mulher

Depois de oito anos na seca, seu Diógenes mata uma gelada!



Todo e qualquer homem sabe que é péssima idéia tentar encontrar alguma coisa dentro de uma bolsa de mulher. Quando elas pedem ao marido ou namorado para que peguem ali um celular ou uma carteira, o homem sensato até abre a bolsa, mas nem procura nada, pois sabe que não encontrará nada mesmo, já que essa dimensão do espaço é protegida por algum tipo de campo de força ou magnetismo que impede a localização de qualquer coisa por eles.


Diógenes Altamirando, mecânico de 56 anos de Campo Mourão (PR) desafiou os poderes da bolsa e sofreu castigos físicos e metafísicos por sua ousadia. Desaparecido há oito anos, ele só foi localizado porque sua mulher, Maria de Lourdes, estranhou um ruído insistente dentro de sua bolsa. Resgatado, Diógenes contou que, tentando realmente atender a um celular que tocava, desequilibrou-se e caiu, desaparecendo.
- Sobrevivi comendo as barras de cereal que caíam do céu, de vez em quando. - relatou.


E o ruído que alertou Maria de Lourdes era a buzina do chevette 85 que Altamirando dava por roubado há muitos anos.

- A buzina me salvou! Só não fiz isso antes porque foi um tempão pra eu achar a chave...
(A.S.)




Colcha de Retalhos

Colorida, feita com capricho a partir de sobras de tecidos diversos, como o próprio nome sugere. Quanto maior a variedade de retalhos, mais vistosa fica a danada, isso é fato.

No comecinho, parece um amontoado de peças de quebra-cabeça, sem sentido algum para os leigos. Quando iniciado o trabalho, uma indefinição de onde aquilo tudo vai dar. Nada abala a paciência de uma boa fazedora de colcha de retalhos, que terá um longo caminho a percorrer. Somente quando é dado o arremate final, pode-se visualizar as formas e os desenhos, tão misteriosamente reunidos numa simetria inexplicável, fruto de horas, dias, meses de dedicação quase que exclusiva.

Mas ser uma pessoa colcha de retalhos não tem poesia. Não dá trabalho e tampouco é possível visualizar as formas que ela está tomando. A escolha dos retalhos não é, muitas vezes, tão criteriosa. Outras vezes os retalhos são escolhidos, mas não têm as proporções exatas para o tão sonhado produto final; muito pelo contrário: quanto mais se escolhe o tecido, mais desastroso fica. O emaranhado de informações parece não ter relação entre si, deixando sempre um vazio e uma grande interrogação: Quem realmente eu sou?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Necessária Solidão




Nunca soube o que era isso. Nunca tive essa necessidade. Nunca me dei conta do quanto ela é importante. E agora eis-me aqui, tão dependente dela quanto ela de mim.
No começo até que foi assustador; afinal, tudo o que é novo, baita clichê, assusta. Depois, fui sendo seduzida aos poucos, relutando, mas no fundo aceitando essa nova condição, às vezes deliciosa, muitas vezes insuportável.
Culpa de São Paulo? Talvez. Culpa da idade e de tudo o que veio com ela? Talvez. O que fazer? Não tenho mais como fugir, foi uma escolha minha. Não posso reclamar, tenho tido mais benefícios do que prejuízos.
Como diria Sílvio Santos "Não tentem fazer isso em casa"...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Leitura pode deixar de ser crime


Viciado lendo em plena rua, na Holanda. É isso que queremos aqui?






Eu não nego as razões do Direito Penal mínimo, das penas alternativas, etc. Mas tudo tem limite, e não se pode tentar corrigir exageros com outros exageros. Digo isso porque vi na tv que está para ser votada a descriminalização da leitura no Brasil. Se o projeto passar, a posse ou uso de um livro será simples contravenção, que dará uma multinha, e olhe lá.

A matéria que assisti é bem tendenciosa. Entrevistam, por exemplo, um deputado que afirma:

- É uma tolice acreditar que a prisão é um obstáculo à leitura. Todos os dias vemos denúncias de livros apreendidos nas celas. Um livro pequeno pode passar pela vigilância até escondido dentro de um objeto simples, como um fuzil. E a cadeia não recupera ninguém. O sujeito fica lá dentro sem ter o que fazer e acaba lendo mais ainda. E pior: os mais velhos acabam mostrando coisa nova para um rapaz que de repente só está lá porque folheou um livrinho. E esse cara depois vai sair de lá psicanalista, físico, qualquer miséria dessas - e vai aprontar na rua! é uma verdadeira escola! Isso sem contar as consequências, como essa verdadeira batalha verbal entre bandidos disputando pontos, como essa que teve na PUC e aterrorizou aquela comunidade, composta, na sua maioria, de gente boa, que nunca leu uma linha na vida, mas é coagida pelo tráfico a carregar livro pra baixo e pra cima.

Um carcereiro confirma:

- Eles ficam aí o dia todo com a cara enfiada no papel. O pior é quando começa o blablablá. Eu é que não consigo pregar o olho! e quando sai daqui, o bicho sai doido pra ler coisa diferente! - na mesma cena, um preso o interrompe, por trás das grades: "Moça! eu não tinha nada que tá aqui!! eu só leio auto-ajuda, pelamordedeus!!" O carcereiro sorri com desdém e conclui:
- É claro que isso daí não acrescenta em nada pra pessoa, mas prender não adianta. As pessoa que elas têm a mente fraca acaba caindo nisso daí. Precisava é pegar o bandidão que escreve e que muitas vezes tá lá no asfalto. E dar tv, internet, religião pra essa gente desorientada.





O ideal seria que todo mundo pudesse ter acesso a isso, mas são soluções de longo prazo. Agora, só o rigor da lei pode conter a barbárie. Essa semana, mesmo, oitocentos quilos de filosofia foram apreendidos em S.Paulo. A quadrilha (três alemães, dois gregos e uma nigeriana) admitiu conexões com o cartel de Frankfurt. Os populares vibraram quando um policial arrancou os óculos de um dos bandidos. Imagino a decepção dessa gente se a lei for aprovada.
(A.S.)

terça-feira, 8 de julho de 2008

Aquário



O peixinho nada

Nada noite e dia

Sabe o que ele disse?

"Ai, que água fria"!!!

sábado, 5 de julho de 2008

Mais para mais ou mais para menos?

Essa é uma das típicas perguntas de minha mãe, sempre que dizemos que algo está "mais ou menos". Aliando sua ansiedade natural de mãe a uma pitada de curiosidade sobre tudo, quer ir além do que vê e do que escuta, tirando conclusões a partir do seu peculiar e nada tendencioso termômetro instintivo.
Hoje estou mais para o meio. Ela não entenderia e nem se contentaria com tal afirmação. Tentaria saber, a todo custo, o que isso significa segundo os seus parâmetros. Mas não conseguiria. Dessa vez não. Infelizmente, não.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

quinta-feira, 3 de julho de 2008

The First One

Pronto, aconteceu: está aqui o meu Blog. Não se decepcione, caro e quase anônimo JG, fiel escudeiro e incentivador de mais essa peraltice minha. Bem-vindos, caros amigos (passados, presentes e futuros)! Sintam-se em casa. Minha casa é sua casa.