quarta-feira, 9 de julho de 2008

Leitura pode deixar de ser crime


Viciado lendo em plena rua, na Holanda. É isso que queremos aqui?






Eu não nego as razões do Direito Penal mínimo, das penas alternativas, etc. Mas tudo tem limite, e não se pode tentar corrigir exageros com outros exageros. Digo isso porque vi na tv que está para ser votada a descriminalização da leitura no Brasil. Se o projeto passar, a posse ou uso de um livro será simples contravenção, que dará uma multinha, e olhe lá.

A matéria que assisti é bem tendenciosa. Entrevistam, por exemplo, um deputado que afirma:

- É uma tolice acreditar que a prisão é um obstáculo à leitura. Todos os dias vemos denúncias de livros apreendidos nas celas. Um livro pequeno pode passar pela vigilância até escondido dentro de um objeto simples, como um fuzil. E a cadeia não recupera ninguém. O sujeito fica lá dentro sem ter o que fazer e acaba lendo mais ainda. E pior: os mais velhos acabam mostrando coisa nova para um rapaz que de repente só está lá porque folheou um livrinho. E esse cara depois vai sair de lá psicanalista, físico, qualquer miséria dessas - e vai aprontar na rua! é uma verdadeira escola! Isso sem contar as consequências, como essa verdadeira batalha verbal entre bandidos disputando pontos, como essa que teve na PUC e aterrorizou aquela comunidade, composta, na sua maioria, de gente boa, que nunca leu uma linha na vida, mas é coagida pelo tráfico a carregar livro pra baixo e pra cima.

Um carcereiro confirma:

- Eles ficam aí o dia todo com a cara enfiada no papel. O pior é quando começa o blablablá. Eu é que não consigo pregar o olho! e quando sai daqui, o bicho sai doido pra ler coisa diferente! - na mesma cena, um preso o interrompe, por trás das grades: "Moça! eu não tinha nada que tá aqui!! eu só leio auto-ajuda, pelamordedeus!!" O carcereiro sorri com desdém e conclui:
- É claro que isso daí não acrescenta em nada pra pessoa, mas prender não adianta. As pessoa que elas têm a mente fraca acaba caindo nisso daí. Precisava é pegar o bandidão que escreve e que muitas vezes tá lá no asfalto. E dar tv, internet, religião pra essa gente desorientada.





O ideal seria que todo mundo pudesse ter acesso a isso, mas são soluções de longo prazo. Agora, só o rigor da lei pode conter a barbárie. Essa semana, mesmo, oitocentos quilos de filosofia foram apreendidos em S.Paulo. A quadrilha (três alemães, dois gregos e uma nigeriana) admitiu conexões com o cartel de Frankfurt. Os populares vibraram quando um policial arrancou os óculos de um dos bandidos. Imagino a decepção dessa gente se a lei for aprovada.
(A.S.)

5 comentários:

Cosa Uneca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cosa Uneca disse...

Não, não é isso que queremos aqui. Vai continuar sendo crime ser pego com um "Machado" nas mãos...

Liliane disse...

Oxe. Que viagem.. rsrsrs se isso fosse verdade eu tava perdida. Vou queimar todos os meus livros na fogueira. hauhauahuah

beijos amiga

Cosa Uneca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cosa Uneca disse...

Lili, esse é outro texto que não é meu. Imaginar como seria uma sociedade onde a "droga" fosse o livro não faz mal a ninguém, não é mesmo?