sexta-feira, 7 de maio de 2010

Príncipe encantado

Sinceramente, nem acredito que sobrevivi de 2004 a 2009, ou melhor, que consegui manter um pouco de sanidade na cachola. 

Quando olho pra trás e vejo o que era a minha vida, dá vontade de chorar. O pior é que eu achava que estava dando tudo de mim pra sair daquele inferno, mas hoje vejo que eu estava mesmo era confusa e não forte. Também estava triste, frustrada, desanimada, cansada. 

Foi um período em que ouvi que era burra, pretensiosa, mimada, escandalosa. Também ouvi que era feia, louca, desatenta, egoísta. Comecei a acreditar nisso tudo e me fechei num mundo meu e esquisito, onde nem espelho em minha casa tinha, onde vestia a primeira coisa que me viesse à mão, onde a vaidade morreu.

Uma vez, uma pessoa me perguntou quantas calças beges eu tinha e ficou muito sem graça quando eu disse que somente aquela, que vestia praticamente dia sim/dia não, revezando apenas com outra preta, essa sim, bem mais rodada até. 

Sapato, minha grande paixão, só usava dois. Os outros ficavam lá no fundo do armário, escondidos, esperando uma ocasião especial para usar. O detalhe é que essa ocasião nunca vinha e o mofo tomou conta de tudo. Perdi uns dois ou três pares pra fúria verde que se abateu sobre eles.

Mas passou. Se eu disser que o mérito é todo meu, mentira. Não é não. Meu love me acordou desse pesadelo, que parecia não ter mais fim. Me alertou que eu estava vivendo uma vida que não era minha, gostando de coisas que não tinham a ver comigo, esquecendo das que me faziam bem. Me encheu o saco até concluir que eu tinha entendido o recado.

Me mostra todo dia o que sente por mim, através da alegria estampada no seu rosto, quando chego em casa contando alguma das minhas travessuras ou quando me pega fazendo conta pra saber quanto vou poder gastar no Brás. Se diverte com os meus exageros, adora as minhas dietas loucas, estimula minhas fixações por sapato/bolsa/maquiagem/lingerie, tira sarro das músicas do meu IPod. Sabe que quando estou meio quieta é hora da fazer um balde de pipoca e que quando estou estressada, cai bem o bom e velho chocolate.

Entende muito bem quando o dia é de faxina braba e sai de baixo pra não sobrar uma vassoura em sua mão. Sabe que aos sábados, domingos e segundas, é ele quem lava os pratos, pois a unhas ainda estão glamurosas. E que precisa esperar pelo menos uns quinze minutos para irmos ao mercado, porque sim, mesmo sendo ali, não vou de chinelo e de moletom.

É, ômi. Sei mais viver sem você não.

2 comentários:

Unknown disse...

Linda declaração de amor! Será que ele já leu? rs. Fico feliz por estar tão feliz!

Cosa Uneca disse...

Acho que não leu ainda não...rs...