sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Só meu

É claro que toda sala de aula tem um menino fofo, inteligente e que é cobiçado por todas. É claro também que o correspondente feminino existe e que nos deixa com a autoestima na lama. O mais engraçado é a competição pública que se faz em torno das beldades, que deitam e rolam em cima da situação.

Na minha terceira série todas as meninas eram loucas, alucinadas, dariam um braço por Carlos Bronson. Sim, o nome dele era esse, fruto de homenagens e aportuguesamento paternais. Ele era o mais alto, o mais educado, o queridinho até da professora. Na hora do recreio, íamos todas assistir o futebol dos meninos da quarta série, já que ele era goleiro de lá. Ficávamos todas fingindo que estávamos brincando com nossas Bebezinhos, ou que estávamos tentando aprender a última música do Menudo.

Depois do jogo, a briga era para ver quem chegava primeiro ao bebedouro onde Carlos Bronson se recuperava de mais uma exaustiva partida debaixo de todo o sol das três da tarde. Ficávamos na fila e quando ele chegava, o silêncio era absoluto, pois ninguém queria fazer feio diante do nosso Deus Grego.

Chegou maio e, com ele, os ensaios para a quadrilha de São João. Pela estatura, a minha querida professora escolheu Carlos Bronson para ser o meu par. Nem preciso dizer que o meu ar de vitoriosa foi algo gritante e que adorei ter que repetir a coreografia umas quatro vezes seguidas...

Na véspera da apresentação, fui parar no médico com uma febre repentina, logo diagnosticada como sendo emocional pelo meu adorável pediatra, Dr. Aderbal. No dia seguinte, mesmo com a febre insistindo em não baixar, fui à festa e até fui coroada Rainha do Milho, através de votação masculina da minha classe e com o meu amado Carlos Bronson como parte do júri.

Foi a primeira vez em que perdi o sono pensando em alguém...

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