quarta-feira, 23 de junho de 2010

Vida que segue

Perdi meu tio e padrinho dia desses, por uma estupidez por parte dele: simplesmente abandonou os exames pós-câncer, foi viver a vida intensamente e se deu mal. Achou que tinha se curado, como se câncer fosse assim, uma gripe.

Explicando melhor: o negócio começou há três anos, como uma aftazinha na gengiva e ele, que era dentista, achando que era bobagem, só procurou ajuda médica quando só tinha uns 10% de chance de cura. 

O mais engraçado é que ele conseguiu reverter o quadro, com muita comemoração à base de acarajé na casa de Mainha, mas esqueceu de se manter alerta, deu de ombros para as revisões obrigatórias e só acordou em fevereiro passado, com a morte batendo na porta. Tentou correr atrás do prejuízo, mas era tarde demais: foram quatro meses definhando, com quase todos os órgãos tomados pelo maldito.

Sinceramente, até hoje eu não consigo acreditar que ele se foi. Dos irmãos de meu pai, era o mais próximo de nós, mesmo morando mais perto de Brasília que de Salvador. Era engraçado, bonito e inteligente e a última vez que nos falamos por telefone foi no meu aniversário, ele já com a voz muito fraca e irreconhecível. 

Ia fazer 50 anos em setembro e estava muito feliz no seu segundo casamento. Prefiro acreditar que ele está lá em Barreiras, no mesmo corre-corre de sempre, trabalhando em vários lugares, sem ter tempo pra dar notícias.

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