segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Shanti

Nos conhecemos quando éramos casados, numa situação, no mínimo, insólita. Nessa mesma ocasião, descobri que era irmão de um colega de minha irmã. Percebi que me olhava de maneira intensa, mas achei que era por força das circunstâncias, já que era delegado.

Quase quatro anos depois, outra situação insólita fez com que nos reencontrássemos, mas agora estávamos ambos devidamente separados. Conversamos por horas a fio tentando encontrar algum motivo para que aquele encontro não fosse o último.

Descobri que ainda sabia fazer o joguinho da conquista e isso me fez bem naquele dia. Pediu para que eu anotasse o meu telefone num pedaço de papel e colocou com um cuidado sedutor no bolso da camisa. Não dormi naquela noite, obviamente.

Demorou para ligar a primeira vez. Parecia que o universo conspirava para que eu não o esquecesse, já que incríveis coincidências faziam com que eu conhecesse sempre alguém que tivesse alguma ligação com ele. Quando me ligou, parecíamos dois adolescentes sem saber o que falar. O joguinho continuava, era o que nos atraía. Chamava-o pelas duas primeiras sílabas do seu sobrenome, que era libanês. Ele gostava da ideia e me chamava do que desse na telha. De lôra a dodói, passando por maluquinha e senhora.

Demos muitas risadas juntos. Fizemos muitas loucuras também. Tinha um Fusca vermelho e quando a saudade batia, passava lá em casa no intervalo do plantão da delegacia. Eu dizia que ele me dava sorte e ele passava no meu trabalho só pra me dar um oi. Era curioso e eu adorava mandar torpedos enigmáticos, só porque sabia que me ligaria em seguida. Conheci um amigo de infância dele que se tornou também um grande amigo meu. Esse amigo dizia que tínhamos tudo a ver um com o outro e que torcia para que déssemos certo.

Não demos certo. Nossos encontros, desencontros e reencontros duraram exatos seis meses. Inesquecíveis meses, sem sombra de dúvida.

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