terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Matinée

Estou na fase de caça a eventos culturais gratuitos em São Paulo. Mostras de cinema, exposições, peças, tudo que for free ou, no máximo, dez conto, tô dentro. Primeiro, por estar sempre dura. Segundo, para conhecer pessoas, fazer novas amizades ou até algo mais. Nunca se sabe.

Esse lampejo cult, com uma pitada de segundas intenções, me deu na semana passada e fucei muito na internet até achar algo que interessasse. Vi que no Memorial da América Latina tem sessão de cinema todo santo dia e que cada mês eles abordam um tema diferente – o de janeiro era a cidade de São Paulo e os filmes exibidos tinham sido todos rodados total o parcialmente aqui.

Liguei para saber sobre detalhes dessas sessões e fui informada de que aos sábados elas começavam ao meio-dia. O filme a ser exibido no sábado passado era o Ensaio sobre a Cegueira. Achei que estava com muita sorte, já que além de ter lido o livro, queria muito saber como Meirelles tinha se atado na adaptação. Também queria fazer um paralelo com A Peste, de Camus, livro que comecei a ler recentemente e que tem mais ou menos o mesmo tema central.

Já no Memorial, soube que a sessão de cinema não era bem o que eu imaginava que fosse: eles disponibilizam três televisões de 29 polegadas cada uma, onde apenas seis pessoas podem assistir ao que está sendo exibido. Pelo menos o fone é individual. Decidi ficar, apesar de decepcionada. A atendente me instruiu a sentar logo em uma das cadeiras para garantir o meu lugar. Um homem sentou ao meu lado e começou a puxar conversa, dizendo que era frequentador assíduo de lá e descobrimos algumas afinidades em relação a gostos cinematográficos.

O papo dele começou a ficar esquisito. Disse que era visionário e que a paixão dele por cinema tem a ver com uns sonhos que tem desde a infância. Disse também que está fazendo algumas palestras sobre essas “visões” e que se eu quisesse ir, era só adicioná-lo no Orkut. Assim ele me deixaria um scrap dizendo a data e a hora do evento. A única coisa que ele já sabia era o preço da entrada: vinte pilas.

Terminada a sessão (filme muito bom, por sinal), fomos dar uma volta no pátio, onde pedi a ele que tirasse umas fotos minhas. Ele também pediu para que eu tirasse fotos dele, só que com minha câmera. Disse que era para eu não esquecer de adicioná-lo no Orkut, pois a gente tinha que combinar outra ida ao cinema ou algo mais.

Vá esperando, Cássio.

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