segunda-feira, 9 de março de 2009

Brasileirinhas

Tenho uma amiga linda, independente, livre e desimpedida. Mora só e há mais ou menos dois meses vinha me importunando com uma questão: como locar um filme pornô sem morrer de vergonha. A curiosidade em assistir esse tipo de filme sozinha e no aconchego do seu lar, segundo ela, estava virando um tormento em sua vida. “Será que virei pervertida depois de velha?”, a pobre me perguntou. Claro que não, amiga. Curiosidade nem sempre mata o gato.

Primeiro, perguntei o porquê de tanto receio em locar o bendito filme. A resposta foi na lata: “Ah, Cyn, com que cara eu vou olhar o moço da locadora depois disso?”. Sugeri que comprasse um DVD pirata no camelô. Depois, se ela quisesse, era só jogar fora. Disse que ia fazer isso no sábado seguinte. Na segunda, toda envergonhada, me confessou quase chorando: “Cyn, não deu. Isso é pior do que comprar cocaína. Cheguei junto de um camelô com cara de poucos amigos e, como não sabia o que falar, perguntei o preço. Ele, todo solícito, disse que tinha todos os lançamentos e ainda sugeriu que eu levasse Madasgacar 2 – e eu voltei pra casa com três DVDs infantis.”

Com pena de minha amiga e vendo que sou uma péssima estrategista em assuntos pornográficos, sugeri que fosse até uma banca de jornal bem afastada de sua casa, em um lugar que ela soubesse que jamais voltaria e que comprasse o DVD lá. Amou a ideia e se perguntou por que ainda não tinha passado isso pela sua cabeça. Mais uma vez, deu tudo errado na hora H, apesar dela ter ido realmente numa banca muito, mas muito longe de sua casa – eu mal pude acreditar quando soube onde era. 

Primeiro, porque os filmes e revistas “adultos” ficam em prateleiras quase inacessíveis, bem no alto, precisando da ajuda da escadinha do jornaleiro. Ela até conseguiu fazer uns malabarismos, derrubando metade da prateleira em sua cabeça e chamando mais atenção do que se tivesse pedido a devida ajuda. Só que a banca não aceitava cartão de débito e ela estava sem dinheiro vivo. Eu disse que era melhor ela desistir da ideia ou pedir pra algum amigo fazer isso por ela. “Você faria isso por mim, Cyn, se ainda morasse aqui?”, me perguntou toda desanimada. Claro, claro. Já passei por coisas bem piores na vida.

Hoje, recebi um e-mail dessa amiga: disse que estava feliz e ao mesmo tempo frustrada. Foi na locadora de costume, só que num horário que não costuma ir, pegou o primeiro filme que viu na ala proibida -“Quatro Horas de Vídeos Caseiros”- e foi correndo pra casa se divertir. A ideia era jogá-lo na caixinha de devolução, depois de satisfeitas todas as suas fantasias. Quando estava quase ficando feliz por ela, um P.S. revelador: “Cyn, não faço mais isso. Não tem graça nenhuma. Preciso de um namorado com urgência.”

2 comentários:

Anônimo disse...

...quatro horas de caseiros... por que não pegou logo "A B... Alexanderplatz"?

Cosa Uneca disse...

Pergunta pra ela, ora essa!